Características como humildade, simplicidade, sabedoria, respeito à diversidade, fé, bom humor e disposição para compartilhar conhecimentos foram ressaltadas pelos oradores da sessão especial da Câmara Municipal em homenagem póstuma ao historiador Jaime Sodré, no final da tarde de quinta-feira (15). O ato ecumênico, organizado e dirigido pela vereadora Aladilce Souza (PCdoB), contou com a presença de familiares e líderes religiosos que defenderam a importância da preservação do legado de Sodré como educador, escritor, artista e ativista da luta contra o racismo e a intolerância religiosa.
A sessão foi semipresencial, transmitida a partir do Plenário Cosme de Farias. A cantora Márcia Short, amiga de Jaime Sodré, que considerava como um pai, cantou Machado de Xangô, de Saul Barbosa. “Essa é minha singela despedida”, disse emocionada. Sodré sofreu um infarto fulminante no dia 6 de agosto deste ano, aos 73 anos de idade.
O padre Lázaro Muniz, integrante do Fórum Ecumênico e pároco da Paróquia Santa Cruz, no Engelho Velho da Federação, falou sobre o “grande irmão” que o tratava por “Ioiô”. Ele chamou atenção para as quatro características que mais admirava em Jaime Sodré: a humanidade, a inteligência, o respeito à diversidade e o senso de humor. Falaram também Mônica Silva, coordenadora do Memorial Irmã Dulce e amiga do homenageado e Esmeraldo Emetério, tatá do terreiro Tumba Junçara, também na Federação.
Nome de escola e de rua
Agradecida pelos conselhos que sempre recebia do historiador, a vereadora Aladilce Souza lamentou o fato da Bahia não ter podido se despedir de Jaime Sodré como ele merecia. “Esta sessão tem também o condão de cumprir um pouco esse papel, deixando registrado nos anais desta Casa do Povo o agradecimento por tantos serviços prestados. E pedir que ele continue nos inspirando. Jaime Sodré presente, agora e sempre!”, declarou. A escolha do Dia do Professor para a homenagem, segundo ela, não foi por acaso: “Ele era um grande educador”.
A vereadora apresentou um projeto na Câmara sugerindo o nome de Jaime Sodré a uma rua de Salvador, preferencialmente no bairro da Federação. A deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) também anunciou que pretende dar o nome do educador a uma escola da rede estadual na capital baiana.
Os filhos Fábio Ravi e Jamile e a prima Maria Andreza Sá da Piedade participaram da homenagem a Sodré e falaram em nome da família. Os três ressaltaram o orgulho que sentem pelo legado do historiador, incluindo a sabedoria ancestral e o respeito ao candomblé. “Para ele o conhecimento era para ser compartilhado, sempre na busca do crescimento do outro”, definiu Fábio.
Por vídeo, a secretária estadual de Cultura, Arani Santana, agradeceu pela convivência com Sodré, lembrando que “era uma pessoa que tratava da mesma forma os reitores e os catadores de resíduos sólidos”.
O homenageado
Jaime Santana Sodré Pereira nasceu em Salvador em 19 de fevereiro de 1947. Foi professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia, escritor e designer. Atuou no Conselho Consultivo do Olodum de 1998 a 2000.