Condenado a mais de 100 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral acusou o Ministério Público do Rio de Janeiro de fraudar inspeção na cela que ocupava, no presídio de Benfica, antes de ser transferido para Curitiba (PR).
A determinação de levá-lo à capital paranaense partiu das justiças Federal e do Estado do Rio, após denúncias do Ministério Público de que o político estava tendo regalias na unidade prisional.
Segundo informações do jornal O Globo, o ex-governador afirmou, em depoimento ao juiz instrutor Ali Mazloum, lotado no gabinete do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que no dia da inspeção em sua cela, 24 de novembro, uma promotora disse não ter encontrado nada.
De acordo com ele, depois, outras duas promotoras continuaram a vistoria, com postura bem diferente. “O ‘cooler’ que diziam era uma caixa de papelão com balde, com gelo, para preservar a comida que a minha família trazia de casa, que todas as famílias trazem de casa. A equipe não foi embora com ela, a equipe ficou lá. Nesse mesmo dia, à tarde, é um dia fácil de identificar porque houve repercussão no telejornal local, eu estava no corredor e a equipe veio, Excelência, sem exagero, com uma volúpia de quem estava invadindo um local”, alegou Cabral.
“Pegaram esses ‘coolers’ de papelão, de balde com papelão, jogaram no chão, começaram a jogar tudo, e filmando, dizendo ‘tem isso, tem aquilo’. Depois, o que nós fazíamos por organização interna, era anotar na tampa do papelão o nome de cada interno, de cada preso. Então, eles pegaram somente o meu ‘cooler’, somente o meu, depois foram recolhendo coisas em todas as celas, e declararam à imprensa que todas aquelas coisas recolhidas pertenciam a mim. Era inverossímil, porque camarão, por exemplo, eu não como pois tenho alergia”, completou.