No mesmo dia em que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que todas as vacinas, “sem exceção”, serão incorporadas ao Programa Nacional de Imunização (PNI), o Instituto Butantan – que produz a CoronaVac em parceria com o laboratório Chinês Sinovac – afirmou segundo o jornal O Globo, que já encaminhou uma proposta para fornecimento das doses ao Ministério da Saúde a partir de janeiro de 2021.
Foi a primeira vez que o governo federal apresentou um plano de estratégico de imunização no Brasil incluindo a CoronaVac. Há meses, os governos federal e estadual vinham trocando farpas a respeito da inclusão ou não da vacina ao PNI. “O fornecimento das doses pelo Butantan, caso a pasta federal concorde em adquiri-las, ocorrerá tão logo seja definida a situação de registro da vacina pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”, afirmou o Butantan, por meio de nota.
Enquanto aguarda a efetiva incorporação ao PNI, o Butantan afirmou que “seguirá importando e produzindo a vacina”. O governo de SP pretende colocar em prática um plano estadual de imunização caso o imunizante não seja efetivamente incorporado ao PNI. “O plano de São Paulo está pronto para ser colocado em prática, em 25 de janeiro. Porém, em caso de definição do PNI, São Paulo seguirá as orientações para as estratégias de vacinação, com definição de grupos prioritários e faseamento”, disse o Butantan, em nota.
Exportação
O governo de SP também anunciou anteriormente que, em paralelo ao fornecimento ao Brasil, incluiu a produção de 40 milhões de doses da CoronaVac para a América Latina. Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, disse que já esteve na Argentina assinando um protocolo de intenções para entregar 10 milhões de doses em janeiro. Peru, Uruguai, Honduras e Paraguai também estariam interessados em adquirir o imunizante, segundo o governo.
A exportação da vacina é vista com ressalvas para especialistas. De acordo com João Viola, presidente do Conselho Científico da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBIm), a discussão sobre exportação só deveria ocorrer após uma vacinação total da população brasileira.
— Não há a menor dúvida de que pode exportar, mas aí tem uma questão ética. Vamos dar conta de produzir para o país? Se vamos, então tudo bem, o excedente pode sair. Mas eu não acredito que seja ético num momento de extrema necessidade a gente faça uma exportação sem cobrir a necessidade da população brasileira — ressaltou.