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terça-feira 25 de janeiro de 2022 às 14:07h

Braskem: oferta promete queda de braço para definição de preço

NEGÓCIOS, NOTÍCIAS


A Petrobras e a Novonor vão enfrentar segundo a revista Exame, uma boa queda-de-braço com o mercado nos próximos dias, até a precificação da oferta de ações preferenciais da Braskem. A definição do preço ocorre na quinta-feira. Pela cotação atual, a operação pode alcançar pouco mais de R$ 7,5 bilhões.

Ambas as acionistas controladoras pretendem vender toda a posição em preferenciais (BRKM5), com o compromisso de migrar para o Novo Mercado como passo seguinte à colocação dos papéis. Porém, é possível que a oferta seja parcial se um dos dois acionistas não concordar com o valor alcançado — ou seja, tanto Petrobras como Novonor podem seguir sozinhas como vendedoras.

Ontem, dia 24, as ações fecharam o dia em R$ 49,95, com a empresa avaliada em aproximadamente R$ 38,5 bilhões. Os investidores querem tentar forçar um desconto. Mas, desta vez, as conversas são a respeito de uma tentativa de pedir “um senhor” deságio. Petrobras e Novonor, claro, alertam que são sim sensíveis a preço — afinal, quem não é? — e que não farão a oferta a qualquer custo.

A equação que os investidores querem usar para alcançar seus objetivos contém uma série de argumentos. O primeiro é sobre o que julgam ser uma “necessidade” das sócias de desfazerem das ações. Nessas circunstâncias é bastante natural a pressão. A Petrobras porque deseja isso já há bastante tempo, alegam, e a Novonor por saber que a decisão está nas mãos de bancos credores, para os quais os papéis foram cedidos como alienação fiduciária, para garantir dívidas totais da ordem de R$ 15 bilhões, considerando principal mais juros.

O segundo é um dividendo gordo da ordem de R$ 7,50 por ação que a Braskem pagou aos acionistas em 2021, até dezembro. É sabido que os bancos têm um valor de referência para as ações de R$ 47 por ações implícito na conta. Excluindo o provento que já está no bolso, a cotação despencaria para algo entre R$ 40 e R$ 45, a depender do valor de tela na bolsa. Essa é a matemática básica: mas é fato que ex-dividendo (ou seja, a ação já não inclui mais esse direito), o papel negocia perto de R$ 50 a chegou próximo dos R$ 70 em dezembro.

A situação aponta que a definição vai ficar para a ultimíssima hora do fechamento do book. No momento, os rumores não confirmados são de que a maior cobertura do livro está em torno de R$ 1 bilhão, com o papel abaixo de R$ 45. Mas há ordens com preços acima desse. De qualquer forma, em um mercado como atual é cedo para falar de book.

Há quem diga que essa é a faixa — de R$ 42 a R$ 45 — com a qual os investidores trabalham como adequada para comprar os papéis, uma vez que o ápice operacional da companhia foi em 2021. Um ano excepcional. A empresa, como todas as demais, ainda não divulgou o balanço fechado do ano passado, mas a estimativa é que o Ebitda deve ter alcançado um intervalo entre US$ 5 bilhões e US$ 5,5 bilhões e a estimativa para esse ano é que o indicador some perto de US$ 3 bilhões.

O motivo da queda é a redução dos spreads petroquímicos, que já começaram a cair no quarto trimestres do ano passado. Os investidores alegam que esse é o principal motivo de a Braskem tentar realizar a operação agora, com os números até setembro, mesmo diante de um mercado tão ruim de fluxo e com tanta volatilidade. A bolsa brasileira não está fácil para ninguém.

O outro fator de pressão é que Petrobras e Novonor não encontraram investidores estratégicos dispostos a pagar o que a companhia vale. As propostas recebidas na última tentativa de venda do controle da petroquímica teriam alcançado até o teto de R$ 40. E disso os investidores não vão esquecer — e que foi antes dos dividendos, embora já estivesse relativamente na conta que o ano seria bom e a distribuição de resultados, também.

Esses valores sugeridos pelos investidores já colocaram as empresas vendedoras das ações em estado de atenção. Os próximos dias serão cruciais para falar de futuro — e não apenas do resultado de 2021. “Provavelmente, esse será o melhor desempenho da empresa ao longo de uma década”, afirma um analista de buy side. Algo que os vendedores não necessariamente concordam. Inclusive pelo potencial que veem na companhia com o plástico verde, de origem não fóssil. E também porque já é claro e transparente que o setor é cíclico – anos ruins, médios e ótimos.

Por último, um ponto que incomoda mas que está na conta há tempos nessa operação, é que depois de venderem as preferenciais, as controladoras venderão as ordinárias. Ou seja, haverá uma pressão vendedora pairando sobre as ações durante um bom período, algo que ninguém gosta de conviver. O outro lado dessa moeda é que a pulverização do capital da Braskem dá fim ao desconto de governança que a companhia historicamente sofre frente suas pares globais, da ordem de 20%.

Segundo a revista, o resultado só os próximos dias dirão.

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