A guerra entre Israel e o grupo Hamas tem causado comoção em brasileiros de diversas partes do país. O Metrópoles publicou que, desde a última segunda-feira (9), a Embaixada de Israel no Brasil tem recebido, em média, 100 e-mails por dia de voluntários. Eles têm se colocado conforme Ana Flávia Castro e Breno Esaki, do Metrópoles, à disposição para integrar o exército israelense e lutar contra o grupo islâmico fundamentalista no Oriente Médio.
De acordo com fontes da diplomacia ouvidas pela reportagem, uma informação falsa alegando que a embaixada israelense estaria solicitando reforços militares globais circula desde o início da semana, o que levou a centenas de mensagens nas caixas de e-mail da representação diplomática.
A embaixada enviou nota oficial informando que governo israelense não aceita alistamento de cidadãos de outros países. No comunicado, eles explicam que as convocações ocorridas até então, em território brasileiro, são exclusivamente de cidadãos israelenses que estão temporariamente no Brasil.
“São pessoas que estão alistadas na reserva e treinam anualmente em Israel. A possibilidade de um israelense que reside no Brasil ser chamado só existe se essa pessoa não se desligou da reserva quando deixou Israel. Eles precisam se desligar, mas algumas pessoas esquecem”, explica a representação diplomática.
Na prática, apenas uma pessoa que já serviu no exército israelense durante o serviço obrigatório pode ser convocado. Ou seja, um brasileiro que vive a vida inteira no Brasil e mora no Brasil, mas adquiriu a cidadania israelense, não pode ser convocado porque não está alistado na reserva.
Nesta quinta-feira (12), Hamas e Israel entram no sexto dia de conflito aberto. Os dados mais recentes da guerra no Oriente Médio apontam que mais de 2,2 mil palestinos e israelenses morreram em função dos confrontos.
Os embates históricos no território ganharam novo capítulo no último sábado (7), quando o grupo Hamas promoveu o maior ataque contra o território israelense em décadas, vitimando milhares de civis.
Em função da escalada do conflito, o governo brasileiro mobilizou seis aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para repatriação de cidadãos brasileiros que estejam na região de confronto. Segundo informações divulgadas pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), até a manhã de quarta (11/10), 2.723 brasileiros pediram ajuda ao Itamaraty para deixar a zona de guerra.
Na madrugada dessa quarta, o primeiro voo que partiu de Tel Aviv com 211 brasileiros a bordo chegou a Brasília. A segunda aeronave, com outros 214 brasileiros resgatados, desembarcou na madrugada desta quinta (12/10) no Rio de Janeiro. A repatriação faz parte da Operação Voltando em Paz, deflagrada pelo governo federal.
Cessar-fogo entre Hamas e Israel
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestou nas redes sociais pedindo a libertação de crianças israelenses sequestradas e mantidas como reféns pelo grupo extremista Hamas, além do cessar-fogo de Israel na Faixa de Gaza, para que crianças palestinas e mães saiam da região em segurança.
“Crianças jamais poderiam ser feitas de reféns, não importa em que lugar do mundo (…). É urgente uma intervenção humanitária internacional. É urgente um cessar-fogo em defesa das crianças israelenses e palestinas”, defendeu Lula.
O mandatário apelou ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, e à comunidade internacional para “pôr fim à mais grave violação aos direitos humanos no conflito no Oriente Médio”.
O chefe do Executivo federal também afirmou que o Brasil, no exercício da presidência provisória do Conselho de Segurança da ONU, reunirá “esforços para que cesse, de imediato e em definitivo, o conflito”. Ainda conforme declarou Lula, o país vai continuar “trabalhando pela promoção da paz e em defesa dos direitos humanos no mundo”.
O governo brasileiro não reconhece o grupo fundamentalista islâmico Hamas como uma organização terrorista, em alinhamento à posição da Organização das Nações Unidas (ONU). O Brasil ocupa a presidência rotativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas, neste mês de outubro, e avalia com os demais membros da instância decisória da ONU as consequências políticas do conflito recente, segundo o Itamaraty.