A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a suspensão da rede social X no Brasil foi destaque nos principais jornais do mundo nos últimos dias. A medida começou a valer na madrugada de sexta para sábado e ocorreu após a plataforma descumprir a ordem dada na última semana para indicar um representante legal no país no prazo de 24 horas.
O caso foi tema de duas matérias no The New York Times. A publicação destacou que o Brasil “bloqueou” o X após o dono da plataforma, Elon Musk, se recusar a “cumprir ordens de um juiz brasileiro para suspender certas contas”. O veículo definiu a posição da rede social como o “maior teste até agora para os esforços do bilionário para transformar o site em uma praça digital onde quase tudo é permitido”.
Segundo o jornal norte-americano, o X ficará fora do ar “em uma nação de 200 milhões” de habitantes. A suspensão seria “resultado de uma escalada na briga entre Elon Musk” e o ministro Alexandre de Moraes. O veículo também definiu como ações “incomuns” de Moraes a estipulação de uma multa de R$ 50 mil para quem tentar usar o X via VPN enquanto a rede estiver suspensa no Brasil e o congelamento das finanças do serviço de internet via satélite Starlink a Space X, um segundo negócio de Musk no Brasil.
Em reportagem na edição impressa deste domingo (1º), o NYT também tratou da importância do público brasileiro para as redes sociais. “O Brasil é o quinto maior mercado internacional de X, atrás de Japão, Índia, Indonésia e Reino Unido, segundo a empresa de dados Statista. Mais de 20 milhões de pessoas usam o X para opinar sobre política, esportes e entretenimento”, destaca o texto.
A publicação fala ainda sobre a busca dos brasileiros por uma “nova casa para seus pensamentos” e cita o crescimento do Bluesky e do Threads nos últimos dias. “Tanto Bluesky quanto Threads ainda sofrem para ultrapassar o X, em parte porque muitas pessoas que conquistaram seguidores no Twitter relutavam em recomeçar. Mas agora as duas redes sociais em expansão podem encontrar nova vida no Brasil”, aponta o texto.
O também americano The Washington Post escreveu: “Juiz brasileiro ordena suspensão do X em disputa com Elon Musk”. O jornal explica a queda de braço entre Moraes e Musk ao apresentar as bases da decisão do ministro, como a ausência de representação legal da rede no país e a recusa em remover contar acusadas de promover desinformação, a as acusações do bilionário de que está sendo alvo de censura por defender a liberdade de expressão.
O veículo relaciona o caso do X com a prisão de Pavel Durov, CEO do Telegram, na França, como exemplo de dois exemplos recentes de redes sendo derrubadas por governos estrangeiros.
“Foi a segunda vez esta semana que um governo estrangeiro reprimiu uma plataforma de mídia social. Na segunda-feira, as autoridades francesas anunciaram a prisão do fundador e CEO do Telegram, Pavel Durov, em uma investigação sobre atividades ilegais de abuso infantil no aplicativo de mensagens. Musk, entre outros, condenou a prisão de Durov como um ataque à liberdade de expressão; o futuro, sugeriu ele, poderia incluir ‘ser executado por gostar de um meme'”, destaca a matéria.
Quem também fez relação entre os casos envolvendo Musk e Durov foi o jornal britânico The Observer. Em artigo publicado na edição impressa deste domingo, a jornalista Carole Cadwalladr afirma que, apesar das derrotas recentes, Musk “está ganhando a batalha global pela verdade”.
“O banimento do X no Brasil e a prisão do chefe do Telegram, Pavel Durov, não vão impedir suas mentiras”, disse Cadwalladr em texto crítico.
A autora argumenta que por ter sua própria plataforma global de fala, e contar com 196 milhões de seguidores, Musk tende a se apresentar como “o árbitro definitivo da verdade”.
Menos crítico, o The Guardian destacou o crescimento do Bluesky após a suspensão do X.
“Um grande número de brasileiros procurou abrigo na rede rival, Bluesky, que informou ter conquistado 500 mil usuários nos últimos dois dias. ‘Bem-vindo ao Bluesky!’, a empresa postou para seus novos adeptos em português”, disse a publicação britânica.
Veja outros veículos internacionais que repercutiram o caso:
BBC (Inglaterra)
“Suprema Corte do Brasil determina a ‘imediata e completa suspensão’ do X, antigo Twitter, do país”, destacou a rede de TV britânica.
La Nación (Argentina)
“Juiz da Corte brasileira confrontado por Elon Musk ordena bloqueio da rede social X em todo o país”, diz o jornal argentino, que define a decisão como polêmica e um “ultimato” para o conflito.
Le Monde (França)
“No Brasil, um juiz da Suprema Corte ordena a suspensão imediata da rede social X em todo o território brasileiro”, diz o título da reportagem.
Clarín (Argentina)
“Justiça brasileira bloqueia rede social X e intensifica briga com Elon Musk”, aponta a reportagem.