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sexta-feira 3 de junho de 2022 às 15:25h

Brasileiros apontam poluição e esgoto como principais problemas ambientais de suas cidades

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O sistema de coleta e tratamento de esgoto e a poluição do ar, rios e mares são os problemas ambientais mais apontados pelos brasileiros em seus municípios, mostra estudo da Rede Nossa SP.

A pesquisa perguntou a 2.000 pessoas, em 128 municípios, os problemas mais graves relacionados ao meio ambiente especificamente na cidade de cada entrevistado.

Como resultado, o esgoto e a poluição do ar, ambos citados por 27% dos respondentes, e a poluição de rios e mares (26%), apareceram mais vezes entre as respostas. Enchentes e alagamentos (25%) e acesso à água (23%) completam a lista dos cinco problemas mais citados.

Os dados representam a vida real e a conscientização da sociedade a respeito do tema, avalia o coordenador-geral da Nossa SP, Jorge Abrahão.

Exemplo disso é o fato de que 35 milhões de pessoas não têm acesso a água tratada e 100 milhões não têm coleta de esgoto, de acordo com dados do Instituto Trata Brasil.

“As pessoas começam a perceber esses problemas com o meio ambiente, o que não ocorria alguns anos atrás. A realidade é esta: vivemos num país em que casos como os do Recife, Petrópolis, Franco da Rocha se sucedem, então as pessoas se conscientizam. A mensagem aí é a correlação do ambiente com a vida real, e é um movimento importante a ressaltar”, afirma Abrahão.

O estudo mostra também uma relação grande entre meio ambiente e desigualdade de classes, comenta Abrahão, uma vez que, à parte problemas que atingem igualmente toda a população, como a poluição, há vários que afetam especial ou unicamente as camadas mais pobres. Tal qual as enchentes, o tratamento de esgoto e o abastecimento de água.

“Não vamos resolver questões ambientais se não resolvermos junto a desigualdade. É a desigualdade que faz as pessoas morarem em locais impróprios. Vão para a beira de rios, encostas”, diz o coordenador, que relembra a responsabilidade do poder público pelo problema: “Para resolver a habitação precária, por exemplo, tem que ser com a coisa pública”.

No estudo, os pesquisadores dizem que ainda não há, no país, o reconhecimento da necessidade de mudança do comportamento de cada brasileiro. O que poderia, prosseguem, estabelecer “uma relação do consumo consciente entre todos para estancar o desmatamento e, consequentemente, diminuir os impactos ambientais no país”.

Brasileiro vê impacto econômico no desmatamento da Amazônia, mas não se julga parte do problema

Para três em cada quatro entrevistados, o desmatamento da Amazônia é, em alguma medida, influenciado pela atividade econômica de cidades que ficam longe da região; 50% veem muita influência, enquanto 23% consideram que há pouca.

“Olho a resposta pelo lado assertivo, porque metade percebe a relação entre a própria cidade e o bioma que está em outro local. É um avanço. Seria desejável que fosse maior, mas é o primeiro passo para entender que cidades impactam os biomas”, diz Jorge Abrahão.

No entanto, ainda que faça essa correlação, a população tem dificuldade de relacionar seus hábitos como um fator de impacto no problema. “Quando saímos do coletivo e vamos para o individual, existe um distanciamento maior”, observa o pesquisador.

Mais da metade dos entrevistados considera que há pouca ou nenhuma relação de hábitos como o consumo de soja, madeira e carne bovina com o desmatamento da Amazônia. No caso do consumo de carne, apenas um em cada quatro vê muita ligação com o desflorestamento na região Norte do país.

Os pesquisadores chamam atenção para o fato de que, nos municípios da chamada Amazônia Legal, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o rebanho bovino cresceu mais de 980% desde a década de 1970; nas outras regiões, a alta foi de 49%.

Ainda de acordo com o instituto, o número de cabeças de gado na Amazônia Legal correspondia a 10% do rebanho nacional em 1974 e subiu para 43% em 2020.

“Temos quase metade da nossa criação de gado na Amazônia. Então, quando comemos um bife, metade vem da Amazônia, e muitas dessas terras são ilegais. O fato é que coletivamente estamos avançados no sentido de entender o impacto da cidade, mas no individual continuamos com esse distanciamento”, conclui.

Problemas mais citados por região

Como cada respondente indicou questões em sua cidade, os resultados da pesquisa apresentaram diferenças expressivas de uma região para outra.

Assim foi o caso dos desmatamentos e das queimadas. Citados menos vezes nos números de todo os país, em 13% e 14% das respostas, respectivamente, os problemas aparecem com maior frequência quando consideradas as respostas somente de cidades do Centro-Oeste e Norte: 20% e 17%.

No Sudeste, região mais populosa do país, as enchentes/alagamentos e a poluição do ar são os problemas mais citados — por 37% e 34% dos entrevistados, respectivamente.

O sistema de coleta e tratamento de esgoto aparece mais vezes no Nordeste: 37% das respostas.

A pesquisa foi realizada entre os dias 1º e 5 de abril de 2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança estimado é de 95%.

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