O alto índice de eleitores que não têm candidato para as eleições presidenciais -mostrado na pesquisa mais recente do Datafolha- é reflexo da crise de representação que ganhou força no país a partir das manifestações de 2013.
Segundo a pesquisa divulgada no domingo (10), em um cenário sem o Partido dos Trabalhadores (PT), votos brancos, nulos, abstenções e eleitores indecisos alcançam 34%. Em 2014, ano em que a Lava Jato teve início e após o discurso contra a corrupção ganhar força nas ruas, esse número era de 30%, muito superior aos 13% registrados na mesma época de 2010.
De acordo com o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, o salto dos eleitores que não se sentem representados por candidatos ou partidos políticos é uma consequência de um conjunto de crises no Brasil que se tornou mais evidente a partir de 2013. Esse cenário alimenta uma desconfiança nas diversas instituições.
A crise política, segundo Paulino, atinge todos os políticos. Hoje, a taxa de eleitores que não tem um partido de preferência supera os 60%.
Em relação apenas aos votos brancos, nulos ou abstenções, o índice é de 28% no cenário sem o ex-presidente Lula, segundo o Datafolha. Em junho de 2014, era de 4%; na mesma época de 2010, era de 7%.
Além de sucessivos casos de corrupção, o Brasil passou por um processo de impeachment em 2014 e enfrentou efeitos da recessão de 2014-16 na economia.
Segundo a pesquisa, mesmo dois meses após a prisão, Lula aparece com 30% das intenções de voto. Mais de um terço dos eleitores se dizem sem opção ao analisar cenários em que ele fica fora da disputa.