O presidente Jair Bolsonaro (PSL) viaja no final de outubro para o Oriente Médio com a missão de atrair investimentos dos bilionários fundos soberanos árabes.
Após passagem pela Ásia –Japão e China–, o presidente vai para os Emirados Árabes, Qatar e Arábia Saudita a partir do dia 26.
O secretário de Negociações Bilaterais no Oriente Médio, Europa e África, embaixador Kenneth Félix Haczynski da Nóbrega, afirmou que a mensagem que o governo deseja passar é de um Brasil que quer ampliar negócios e está se preparando para isso.
“O aspecto principal da visita é levar ao conhecimento desses países, que têm grandes fundos soberanos, as reformas macroeconômicos e microeconômicos em curso no Brasil”, disse.
Ainda são bastante concentrados nos Estados Unidos e na União Europeia, os fundos dos três países árabes procuram oportunidades confiáveis e rentáveis. Somente os dos Emirados Árabes contam com mais de US$ 1 trilhão no bolso. O governo brasileiro quer uma parcela maior dessa quantia no país, que hoje se limita a US$ 5 bilhões.
Bolsonaro deve apresentar uma carteira de projetos em infraestrutura, energia renovável, saúde, defesa e no pré-sal. Apenas do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), 18 projetos de concessões e privatizações estimados em R$ 1,23 bilhão serão propagandeados. A venda da nova aeronave militar KC-390 da Embraer também deverá ser discutida.
Outro foco do governo será ampliar os negócios agropecuários e apaziguar o mal-estar causado pelo anúncio da transferência da embaixada do Brasil em Tel Aviv para Jerusalém no início do ano.
Diante de ameaças de boicote à importação de produtos brasileiros pelos árabes e de reclamações de empresários ao Planalto, Bolsonaro recuou da promessa de campanha e decidiu pela abertura de escritório comercial da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) sem status diplomático em Jerusalém.
A cidade é considerada santa pelo cristianismo, judaísmo e islamismo, reivindicada como capital tanto por Israel quanto pela Autoridade Palestina, e sempre se viu envolta em disputas religiosas e de poder.
Os países árabes são grandes compradores do agronegócio brasileiro. Após o imbróglio, o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Agricultura tiveram que enviar comitiva aos países do Golfo Pérsico para acalmar os ânimos.
Nessa visita do presidente, a intenção é pôr um ponto final na discussão, além de reforçar o Brasil como fornecedor confiável e local propício para investimentos também no campo.
Um tema que deverá ser comentado pelos investidores árabes é a possibilidade de compra de terras no Brasil. Hoje, esbarram na limitação de venda a estrangeiros determinada pela legislação brasileira. A questão não é ponto pacificado dentro do governo.
Cerca de 120 empresários brasileiros pediram ao Ministério das Relações Exteriores para participar da missão (veja a previsão da comitiva oficial do governo ao final da reportagem).
Outro ponto que deverá ser discutido na visita é a facilitação da entrada de brasileiros na Arábia Saudita que permanecerem no país por período pré-determinado. Atualmente, todo cidadão do Brasil precisa de visto, qualquer seja o motivo da visita.
O governo brasileiro também cogita negociar uma linha aérea sem escalas para Riad, capital da Arábia Saudita. As tratativas, porém, estão na fase de “criar as pré-condições”, segundo Kenneth Félix Haczynski da Nóbrega.
A agenda de Bolsonaro nos países inclui reuniões empresariais, encontros com xeiques e membros da realeza, visitas a pontos turísticos, como a Grande Mesquita Sheikh Zayed em Abu Dhabi, oferenda floral e encontro com atletas de jiu-jitsu.
Quem deve integrar a comitiva oficial de Bolsonaro: Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores; Fernando Azevedo, ministro da Defesa; Paulo Guedes, ministro da Economia; Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil; Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente; Bento Albuquerque; ministro de Minas e Energia; Marcos Pontes; ministro de Ciência e Tecnologia.