Em um dos trechos da reunião ministerial de 22 de abril que teve o conteúdo revelado na sexta-feira (22), o presidente Jair Bolsonaro relata ter repreendido o então diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Adriano Furtado, por ter emitido uma nota de pesar após a morte de um agente da corporação por covid-19.
“Ontem eu liguei pro Diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal. Chegou ao meu conhecimento, uma nota, que era dele, sobre o passamento de um patrulheiro. E ele enfatizou que era COVID-19”, disse o presidente.
Segundo fontes da PRF, foram poucas as vezes em que Bolsonaro ligou diretamente para o diretor-geral da corporação. Na maioria dos casos, o assunto era o uso de radares na fiscalização de rodovias federais. Por isso, a censura do presidente à nota repercutiu na corporação em todo o país. O que o presidente queria do diretor era que a manifestação de pesar não focasse na contaminação por coronavírus, mas em eventuais comorbidades do agente.
“Eu liguei pra ele. Por favor, o que mais? Ele era obeso, era isso, era” .. . bem, tinha … como é que é? Comorbidades. Mas ali na nota dele só saiu COVID-19. Então vamos alertar a quem de direito, ao respectivo ministério, pode botar COVID- 19, mas bota também tinha fibrose nu … montão de coisa, eu não entendo desse negócio não. Tinha um montão de coisa lá, pra exatamente não levar o medo à população. Porque a gente olha, morreu um sargento do exército, por exemplo. A princípio é um cara que tá bem de saúde, né? Um policial federal, né? Seja lá o que for, e isso daí não pode acontecer. Então a gente pede esse cuidado com o colegas, tá? A quem de direito, ao respectivo ministério, que tem alguém encarregado disso, né? Pra tomar esse devido cuidado pra não levar mais medo ainda pra população”, afirmou.
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De acordo com informações da viúva, o policial rodoviário federal não tinha comorbidades. Marcos Roberto Tokumori morreu aos 53 anos, em Santa Catarina, no dia 21 de abril.
“Nós somos saudáveis, sem nenhum problema de doença pré-existente que era enquadrado como grupo de risco. Não fazemos ideia de há quanto tempo vírus estava com a gente incubado”, disse Ana Paula Gomes ao portal G1.