Em busca de reverter o resultado do primeiro turno, o presidente Jair Bolsonaro (PL) mal precisou de recursos de seu partido para turbinar sua receita de campanha. Para este segundo turno, ele tem à disposição cerca de R$ 47,4 milhões de reais, especialmente por causa da contribuição de empresários como Salim Mattar, da Localiza, nomes do agronegócio e o pastor evangélico Fabiano Campos Zettel. Mas também reforçaram o orçamento do presidente os pequenos doadores: mais de 52 mil pessoas transferiram até 100 reais, grupo que rendeu a Bolsonaro mais de R$1,2 milhão. O cenário é oposto ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): 98% de sua receita de R$ 34,7 milhões no segundo turno veio do PT.
Quem encabeça a lista de maior doador de Bolsonaro neste segundo turno é o advogado, investidor e pastor evangélico na Igreja Bola de Neve, Fabiano Campos Zettel. Sua transferência foi de R$ 3 milhões, o equivalente a 6,3% do total que o presidente recebeu desde o início de outubro. Em seguida, aparecem nomes como Mattar, que doou R$ 1,8 milhão, e o fundador do Grupo Progresso, Cornelio Adriano Sanders, que atua no agronegócio e contribuiu com mais R$ 1 milhão. Somados, os três contribuíram com R$ 5,8 milhões para o orçamento.
Aparecem na lista ainda nomes como o de Jorge Eduardo Beira, presidente do Conselho Administrativo da Ypê, que doou R$ 750 mil, além de outros nomes ligados à família que controla a empresa, como Antônio Ricardo Beira (R$ 250 mil), Ana Maria Veroneze Beira (R$ 250 mil) e Waldir Beira Junior (R$ 250 mil). Ao todo, o grupo contribuiu com R$ 1,5 milhão. Luciano Hang, dono da Havan e nome próximo de Bolsonaro, contribuiu com R$ 1,2 milhão neste segundo turno. Já a família Brandão Resende, também ligada à Localiza, teve Flavio e Antonio Claudio como representantes na lista: cada um doou R$ 600 mil.
O PL, sigla do presidente, no entanto, não teve contribuição neste segundo turno. O valor oriundo de partidos ficou a cargo do Progressistas, que está na coligação de Bolsonaro e doou R$ 1 milhão.
De grão em grão
Na lista de Bolsonaro, divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) neste segundo turno, constam mais de 61,4 mil doações — o que não não corresponde ao número de doadores, já que é possível doar mais de uma vez à campanha.
Parte dessas pessoas, inclusive, foi cativada após campanha dos apoiadores do presidente, que incentivava seus eleitores a doarem ao menos R$ 1 para contribuir: foram mais de 17 mil doações nesse valor. Outras 539 transferências aos cofres do presidente tinham valor inferior a R$ 1. Apesar dos pequenos montantes, no entanto, a soma do exército de doadores bolsonaristas fez a diferença em seu saldo final. O grupo que doou até R$ 1 somou mais de 17,1 mil reais para Bolsonaro.
Ao todo, o presidente teve R$ 90,5 milhões desde o início da campanha.
Peso do PT
Líder na apuração do primeiro turno, o ex-presidente Lula tem à disposição R$ 34,7 milhões neste segundo turno, valor majoritariamente preenchido por doações do PT. O partido foi o responsável por doar R$ 34,05 milhões. Entre as pessoas físicas, foram 19 doações, o que evidencia o contraste em relação a Bolsonaro.
O maior doador do petista foi Helio Martins Tristão, que contribuiu com R$ 113,5 mil, seguido por Sandra Marques de Jesus Silva (R$ 105 mil) e Marilene Trappel de Lima (R$ 95 mil). Ao todo, o petista chegou a R$ 126,2 milhões desde o início da campanha. Foi ele o presidenciável que mais gastou até aqui.