O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) retorna a Brasília nesta quarta-feira (14) e apresenta recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) contra duas decisões do ministro Alexandre de Moraes no âmbito da operação Tempus Veritatis da Polícia Federal, da qual é alvo. Os advogados Fábio Wajngarten, Paulo Bueno e Daniel Tesser apresentaram agravo para o ex-presidente recuperar seu passaporte e também vão protocolar pedido para ele voltar a ter contato com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
A defesa alega que não há intenção de abandonar o País ou risco de fuga, mas que o ex-presidente tem compromissos agendados no exterior. Um deles é para Israel, em março, para visitar kibutz e conversar com famílias de brasileiros sequestrados. Há também viagens previstas para o Bahrem e para os Estados Unidos. “Em todas há data de saída e entrada. Da mesma forma que ele viajou para a posse de Javier Milei na Argentina”, afirmou Wajngarten à Coluna do Estadão.
A Polícia Federal apreendeu o passaporte de Bolsonaro na quinta-feira, 8. Desde essa data, o ex-presidente também está proibido de falar com os investigados por suposta participação na articulação para um golpe de Estado, entre eles está Valdemar Costa Neto.
A defesa reclama que “Bolsonaro sofre cerceamento de atividade política, por estar impedido de falar com o presidente de seu partido às vésperas da abertura da janela partidária. Os dois são os responsáveis pelas tratativas para composição dos palanques das eleições municipais de 2024 e esse momento do calendário eleitoral é considerado crucial para o fechamento de chapas porque há troca-troca partidário.
Bolsonaro e Valdemar podem ficar no mesmo prédio, mas sem conversar
Sem autorização para falar com Valdemar Costa Neto, Bolsonaro busca um interlocutor para fazer a ponte entre eles, e estar na capital federal facilita os contatos políticos. A sede do PL fica em Brasília no mesmo conjunto de edifícios onde Costa Neto mora. A decisão da Justiça impede os dois de conversarem, mas não limita a distância entre ambos. Também não proíbe que alguém se disponha a agir como mensageiro entre eles.
A PF apura se houve participação do ex-presidente em uma articulação para dar um golpe de Estado, impedindo as eleições de 2022 ou a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A revelação de uma reunião em que o ex-presidente fala em “reagir” antes das eleições e as conversas de aliados sobre uma possibilidade de ruptura aproximaram as investigações do ex-chefe do Executivo.