Em videoconferência, o presidente Jair Bolsonaro conclamou nesta quinta-feira (14) um grupo de empresários de peso a pressionar governadores pela reabertura do comércio. Pediu também para “jogarem pesado” com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para evitar o lockdown (fechamento de todas as atividades) no estado como medida de combate ao coronavírus.
Durante o evento,promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Bolsonaro afirmou ainda que há “uma guerra” e uma motivação política de tentar quebrar a economia para atingir o seu governo. “O que parece que está acontecendo parece uma questão política, tentando quebrar a economia para atingir o governo”, disse o presidente.
A conversa teve com principal interlocutor o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. Os ministros Paulo Guedes (Economia), Walter Braga Netto (Casa Civil) e Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência), e o secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, estavam ao lado de Bolsonaro.
A conclamação para que os empresários “joguem pesado” com Doria e os demais governadores ocorreu após um comentário do chefe da Secom, Fabio Wajngarten, que pouco antes havia dito que, na próxima semana, São Paulo poderia entrar em regime de “lockdown”.
“É o Brasil que está em jogo. Se continuar o empobrecimento da população daqui a pouco seremos iguais na miséria. E a miséria é o terreno fértil para aparecer aqueles falsos profetas, aquelas pessoas que podem levantar borduna e partir [para] fazer com que o Brasil se torne um regime semelhante à Venezuela. Não podemos admitir isso”, afirmou.
Ele voltou a atacar João Dória. “Um homem está decidindo o futuro de São Paulo, o futuro da economia do Brasil. Os senhores, com todo o respeito, têm que chamar o governador e jogar pesado”, disse.
Bolsonaro defendeu a abertura rápida do mercado e providências imediatas para evitar consequências como possibilidade de “caos”, “saques” e “desobediência civil.” Segundo o presidente, neste caso não adiantará convocar as Forças Armadas porque não haverá militares suficientes para atuar na Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
“Lá na frente, eu tenho falado até com o ministro Fernando (Azevedo e Silva), da Defesa, os problemas vão começar a acontecer, de caos, saques de supermercado, desobediência civil. Não adianta querer convocar as Forças Armadas que não vamos ter gente para tanta GLO. Não existe gente para tanta GLO. E o povo vai estar na rua, em grande parte, por estar passando fome. E homem com fome não tem razão, ele perde a razão”, disse.
O Brasil já tem 188.974 casos de covid, com 13.149 vítimas fatias. Mas, desde o início da pandemia, Bolsonaro tem minimizado o impacto do coronavírus e se colocado contra medidas de distanciamento social, atitude que culminou na demissão de seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Acusação contra Maia
Na mesma videoconferência, o presidente acusou quem comanda a Câmara dos Deputados, sem citar nominalmente o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de atuar para “afundar a economia para ferrar o governo”. Ele citou a decisão de Maia de designar o PCdoB – no caso, o deputado federal Orlando Silva (SP) – para a relatoria da Medida Provisória (MP) 936, que permite redução de jornada de trabalho e salários em até 70%.
“Entregar a relatoria da flexibilização do contrato para o PCdoB é para não resolver. Então tem gente que não é do governo, tá lá dentro de outra Casa que não quer resolver o assunto, parece que fizeram acordo com a esquerda. E não dá pra fazer acordo com a esquerda. E nós sabemos qual é a linha da esquerda, é uma linha sindical, é uma linha realmente que não está voltada para o desenvolvimento”, declarou Bolsonaro.