O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conseguiu, com a nova postura acanhada, a proeza de irritar tanto aliados radicais quanto moderados, diz o colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles.
A ala radical argumenta que o ex-presidente deu “falsas esperanças” de que não aceitaria o resultado das urnas. Citam, entre outros exemplos, a declaração de que as Forças Armadas iriam para onde os manifestantes quisessem.
Põem na conta de Bolsonaro, portanto, a prisão de centenas de apoiadores que participaram da invasão aos Três Poderes.
Bolsonaro esticou a corda, deixou-a por um fio, mas não rompeu. E os aliados moderados que ficaram aliviados com isso reclamam, agora, do período sabático em Orlando.
“Ao querer férias, Bolsonaro se comporta como um CEO de uma empresa. Ele não entende o momento do país e o dele próprio”, argumenta um importante aliado do ex-presidente. Na visão dele, Bolsonaro deveria retornar ao país o quanto antes para liderar a oposição a Lula.
Entre os inconformados com a ausência de Bolsonaro, há os que defendem que a postura retraída adotada por ele após a vitória de Lula não pode ser confundida com incitação ao golpe.
“Houve momentos muito favoráveis a Bolsonaro para enfrentar o STF e romper a corda. No caso Ramagem e no Sete de Setembro (de 2021), por exemplo. Mas ele sempre falou que jogaria dentro das quatro linhas e respeitaria a Constituição”, pondera uma pessoa da confiança do ex-presidente.