O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que está se sentindo “muito bem” e que fará novo exame de Covid-19 na terça-feira, podendo voltar ao trabalho no Palácio do Planalto caso fique demonstrado que está livre do novo coronavírus.
Bolsonaro afirmou ainda, em entrevista por telefone à CNN Brasil, que está em isolamento em um quarto no Palácio da Alvorada, exceto nos momentos em que vai a um escritório dentro do palácio para despachar.
“Eu estou muito bem”, disse o presidente, lembrando que se sentiu mal exatamente há uma semana, quando teve “febre, mal estar e canseira”, mas que desde o dia seguinte tem se sentido bem.
“Amanhã está previsto, não sei se vai se confirmar, um novo exame, e se estiver tudo bem, a gente volta ao trabalho. Caso contrário, espera mais alguns dias”, afirmou. “Eu aguardo com bastante ansiedade porque eu não aguento essa rotina de ficar dentro de casa, é horrível. No mais, tudo bem.”
Desde a confirmação do resultado positivo, Bolsonaro tem se mantido em isolamento no Palácio da Alvorada, sua residência oficial, e realizado audiências por videoconferência.
O presidente disse que os assessores com quem tem tido contato no Alvorada já tiveram a Covid-19, portanto já têm os anticorpos para a doença, mas afirmou que mesmo assim tem mantido cuidados como o uso da máscara e o distanciamento social.
A esposa do presidente, Michelle Bolsonaro, informou que seu exame para a Covid-19 deu negativo.
“Aqui tá tudo muito bem conduzido para que eu, em si, não transmita para ninguém, siga os protocolos e aguarde o dia de retornar à atividade normal”, disse Bolsonaro na entrevista.
Questionado se acredita que voltará à rotina normal no Palácio do Planalto na próxima semana, Bolsonaro disse que sim, mas ressaltou que precisa antes do resultado do teste.
“Olha, se é pelo que eu estou me sentindo, sim. Mas obviamente temos que saber se eu tenho o vírus ainda ou não, né? Porque se eu voltar, eu posso transmitir para alguém. Então, enquanto não estiver livre do vírus, eu continuo aqui.”
O presidente anunciou na terça-feira passada que testou positivo para a Covid-19 depois de se submeter a teste na véspera. Na ocasião, Bolsonaro afirmou que os sintomas se manifestaram no fim da semana retrasada e que procurou atendimento no Hospital das Forças Armadas (HFA) já na segunda-feira (6).
“Começou domingo com certa indisposição. E se agravou durante o dia de segunda-feira, com mal estar, cansaço, um pouco de dor muscular e febre chegou a 38ºC. Com esses sintomas e médico apontando para covid-19, fizemos tomografia no Hospital das Forças Armadas”, disse o presidente admitindo não estar surpreso com o resultado. Foi o quarto exame público feito pelo presidente. Nos outros, realizados em 12, 17 e 18 de março, o resultado foi negativo.
Mesmo sem ter conhecimento do seu diagnóstico, Bolsonaro começou a tomar hidroxicloroquina com azitromicina, ainda que esses medicamento não possuam uso eficaz comprovado pela ciência. Na semana passada, protagonizou um vídeo no qual afirma estar tomando a terceira dose do medicamento e fez propaganda do tratamento.
Histórico na crise
Desde o início da crise mundial do coronavírus, o presidente tem dado declarações nas quais busca minimizar os impactos da pandemia e, ao mesmo, trata como exageradas algumas medidas que estão sendo tomadas no exterior e por governadores de estado no país.
Nos protestos de 15 de março, por exemplo, Bolsonaro desrespeitou recomendações do Ministério da Saúde e cumprimentou apoiadores. “Se eu resolvi apertar a mão do povo, desculpe aqui, eu não convoquei o povo para ir às ruas, isso é um direito meu. Afinal de contas, eu vim do povo. Eu venho do povo brasileiro.” Depois, em pronunciamento em cadeia de rádio e TV, falou em “gripezinha ou resfriadinho”.