O presidente Jair Bolsonaro será um dos três oradores principais na sessão temática de inovação e tecnologia na cúpula do G20, em Osaka (Japão) na próxima semana.
Segundo o Ministério de Relações Exteriores, o governo brasileiro manifestou interesse à organização e, com isso, terá 5 minutos para uma exposição rápida sobre o tema.
Até esta sexta-feira (21), o discurso ainda estava em elaboração – o teor deve ser conhecido apenas no dia do evento.
De acordo com o G1, entre os temas possíveis, estão a intenção do Brasil em se tornar líder de inovação tecnológica e as experiências bem sucedidas em áreas como saúde pública, biocombustíveis e sistemas informatizados de governo.
A reunião da cúpula do G20 acontece nos dias 28 e 29, e será a primeira participação de Bolsonaro no fórum que reúne as 20 principais economias do mundo.
Além das sessões gerais, o Brasil deve aproveitar a agenda para buscar reuniões bilaterais e consolidar o apoio à entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A mesa de tecnologia, onde Bolsonaro discursará, é um dos principais interesses do país-sede. Atual presidente do G20, o Japão tenta avançar debates sobre o que chama de “sociedade 5.0” – um novo estágio que, segundo os japoneses, substituirá a atual sociedade da informação.
Em uma rede social, Bolsonaro confirmou que terá reunião privada com o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, mas não informou o tema do encontro.
Brics
Logo antes do início dos compromissos do G20, os presidentes dos Brics devem fazer uma reunião preparatória em Osaka. Os cinco países do grupo – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – fazem parte do G20, e devem emitir uma declaração conjunta sobre as intenções das economias emergentes no cenário mundial.
A reunião será comandada pelo Brasil, atual presidente do bloco. Segundo o Itamaraty, o posicionamento emitido deve ser curto, já que a Cúpula dos Brics se reunirá em novembro, em Brasília. O encontro no Japão também será o primeiro presencial entre Bolsonaro e os demais presidentes do Brics.
Comércio internacional
De acordo com o Itamaraty, o Brasil também pode desempenhar papel importante em um dos principais debates da cúpula do G20: a reforma das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).
O órgão, criado em 1995, vem tecendo críticas sobre a postura de crescente protecionismo nas economias mais desenvolvidas, incluindo Estados Unidos e China.
O encontro inédito entre os presidentes Donald Trump (EUA) e Xi Jinping (China) é um dos mais aguardados do evento, justamente em razão da guerra comercial entre os países, marcada pelo aumento das tarifas de importação e pelo subsídio à produção de ambos os lados.
O Brasil apoia a proposta norte-americana de reformar as regras da OMC para condenar o subsídio governamental às indústrias com maior veemência. Mas, como contrapartida, defende o mesmo rigor contra os subsídios agrícolas em países como EUA, França, China e Índia.
A proposta já foi testada em reuniões preparatórias para a cúpula do G20, e ganhou a adesão de alguns dos maiores produtores agrícolas do mundo, como Canadá, Argentina e Austrália. Assim como o Brasil, eles são competitivos no mercado mundial de alimentos, mas sofrem com as tarifas altas e o subsídio doméstico dos países que comprariam esses produtos.
A resistência, no entanto, deve ser forte. Além dos Estados Unidos e da União Europeia, que vêm ampliando o protecionismo no setor agrário, o Brasil terá de enfrentar a oposição de China e Índia.
Os dois membros do Brics têm o desafio de garantir segurança alimentar às duas maiores populações do mundo mas, por enquanto, buscam uma solução interna, e não de importação.