Por Denise Rothenburg
Diferentemente da Câmara, onde definiu cedo o apoio a Arthur Lira (PP-AL), o presidente Jair Bolsonaro terá que circular com muito cuidado entre os cristais do Senado. Ali, o partido de seus dois líderes — o do Congresso, Eduardo Gomes, e o do Senado, Fernando Bezerra Coelho — deseja recuperar o poder que perdeu em 2019 para Davi Alcolumbre (DEM-AP) com o apoio do Planalto. Naquela época, o presidente da República, recém-empossado, mantinha distância regulamentar dos emedebistas, pregava a nova política e apoiava a Lava-Jato, representada na figura de seu ministro Sergio Moro. Agora, a história mudou.
Inicialmente, Bolsonaro havia acenado a Alcolumbre que apoiaria o nome que o senador amapaense indicasse. Agora, se continuar nessa batida, correrá riscos. Se o candidato do MDB for um dos líderes governistas, o presidente desembarcará do candidato do DEM. Se o candidato do MDB não for nenhum dos dois líderes — e a tendência, hoje, é de que não seja —, o governo, ainda assim, não terá como apoiar o candidato do DEM, sob pena de atirar uma parcela expressiva do Senado contra o Planalto.
Em tempo: a rejeição do nome do embaixador Fábio Marzano, este mês, embora tenha sido visto como um fato isolado pelos articuladores do governo, deixou claro que a situação de Jair Bolsonaro, no Senado, não é mais tão tranquila quanto em fevereiro de 2019, quando o presidente era a esperança para uma parcela expressiva dos senadores.