domingo 17 de novembro de 2024
Foto: Reprodução
Home / NOTÍCIAS / Bolsa Família é responsável por reduzir 10% da desigualdade entre 2001 e 2015
terça-feira 13 de outubro de 2020 às 15:48h

Bolsa Família é responsável por reduzir 10% da desigualdade entre 2001 e 2015

NOTÍCIAS


Segundo publicação do Correio Braziliense, estudo revela que 64% dos beneficiados continuam em situação de extrema pobreza

No caminho pela erradicação da pobreza, o foco do Bolsa Família é na nova geração. Por isso, as diretrizes foram balizadas em torno da exigência de que os filhos dos beneficiários em idade escolar estejam matriculados e frequentando os colégios, com frequência de 85% da carga horária do ano letivo. Cuidados com a saúde, como vacinação em dia, também são condicionantes para o recebimento do benefício. Com isso, o programa se firmou, ao longo dos anos, como um potencializador de frequência e desempenho escolar, melhoria na segurança alimentar e redução da mortalidade infantil.

O receio de que o recurso poderia servir como um gatilho para que o beneficiário se mantenha afastado do mercado de trabalho ou seja estimulado a ter mais filhos para aumentar o benefício foi rebatido ao longo dos anos. O sociólogo Floriano Pesaro diz que o efeito não foi observado pelas pesquisas realizadas no Brasil, pois o recurso disponibilizado é pequeno. Ele também relembra que o programa, no início, era destinado a famílias com até três crianças, o que significa que um quarto filho não aumentaria o valor.

Depois, com a ampliação do programa, o Bolsa Família passou a considerar o núcleo familiar e a renda per capita. “Quanto maior era a família, maior era a chance de entrar no programa, pois era a renda da família dividida pelo número de familiares que importava. No entanto, mesmo considerando a renda per capita, o recurso dado nunca foi relevante a ponto de animar alguém a fazer mais um filho por conta disso. Esse raciocínio nunca foi, de fato, comprovado”, explica Pesaro. À época da implementação, o benefício cedido começava no valor R$ 50. Atualmente, varia entre R$ 89 e R$ 205, dependendo, ainda, da quantidade de filhos por família.

Desafios

Tomando como base os dados da Pesquisa Anual por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2001 a 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) realizou, no fim do ano passado, o balanço dos primeiros 15 anos do Bolsa Família, constatando a redução de 25% da extrema pobreza e 15% da pobreza, em razão do programa. O Bolsa Família responde — conforme o levantamento — por 10% de redução da desigualdade no Brasil, entre 2001 e 2015. Os desafios, contudo, não estão superados. O estudo revela que 64% dos beneficiados continuam em situação de extrema pobreza.

Segundo Pesaro, isso acontece porque o programa distribui dinheiro como ação principal, deixando a educação como consequência. “Programas de transferências de renda não distribuem conhecimento, distribuem dinheiro. E há uma desvalorização do poder de compra do beneficiário ao longo do tempo. O dinheiro é algo que nem sempre é gasto de forma estruturante, muitas vezes, é usado com bens de primeira necessidade, como comida. O beneficiário não consegue usar esse recurso para, por exemplo, pagar um curso ou uma formação”, pontua.

O programa, para o especialista, é uma forma de amenizar o sofrimento da pobreza extrema, mas não é capaz de tirar o beneficiário da situação em que está nem é sustentável a longo prazo, “pois diminui a desigualdade enquanto se está recebendo o benefício, mas, depois, a pessoa volta para a situação original”. Ele ressalta ser necessário bater sempre na tecla da educação e na oportunidade de emprego.

Pesaro comenta, também, o aspecto econômico da assistência à renda familiar. “Os programas de transferência de renda contribuem muito para a dinamização da economia, especialmente do pequeno comércio. Os beneficiários estão sempre comprando no comércio local, o que acaba ajudando a economia do Brasil”, frisa. “Esses programas transferem dos mais ricos, por meio dos impostos, para os mais pobres, por meio da renda. E os beneficiários contribuem novamente, tanto com a dinamização da economia quanto devolvendo parte desses recursos em impostos.”

Veja também

Débora Regis está na Europa conhecendo projetos para implantar em Lauro de Freitas

Os prefeitos das 14 cidades acima de 200 mil habitantes eleitos pelo União Brasil estão …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!