O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta segunda-feira (27) que vai adiar seu polêmico plano de reforma do Judiciário, que causou uma onda de protestos sem precedentes no país.
Há semanas, Israel vive uma das maiores tensões internas de sua história por conta da reforma, que, entre outros pontos, determina que o Parlamento pode alterar decisões do Tribunal Supremo do país. Críticos alegam que a subordinação do Judiciário ao Parlamento coloca em risco o caráter democrático do Estado.
Netanyahu afirmou que o adiamento acontece porque há uma “vontade de se alcançar um consenso” sobre a reforma do judiciário.
Ele deixou claro que o projeto não foi abandonado: é um tempo para o diálogo, nas palavras do próprio Netanyahu, que também disse que vai virar cada pedra para encontrar uma solução e que ele não está disposto a dividir o país em pedaços —segundo ele, há uma minoria que pretende a dividir a nação.
De acordo com Netanyahu, a crise obriga todos a agir com responsabilidade, e o país passa, nesse momento, por uma encruzilhada perigosa.
O que está acontecendo em Israel
Nesta segunda-feira, as tensões se acirraram. Veja o que aconteceu:
- O aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, o principal de Israel, cancelou todos os voos por causa dos protestos, segundo a imprensa local.
- Uma greve foi convocada pelo chefe do sindicato Histadrut de Israel, Arnon Bar-David. A Associação Médica de Israel e a Federação de Autoridades também anunciaram adesão à paralisação, também de acordo com a mídia israelense.
- O governo de Netanyahu sobreviveu nesta segunda a uma moção de censura no Parlamento. A moção – um recurso de regimes parlamentaristas através do qual os deputados podem retirar um primeiro-ministro do cargo foi rejeitada por 60 deputados. Outros 51 votaram a favor. Com isso, o Parlamento deu aval para que Netanyahu siga no cargo.
- Cerca de 80 mil pessoas participaram da manifestação nos arredores do Parlamento de Israel, em Tel Aviv. Os protestos chegaram, inclusive, perto da casa de Netanyahu.
- Mais manifestantes saíram também saíram às ruas de Jerusalém e outras cidades.
Exoneração de ministro
Uma ala crescente do governo também vinha pedindo que ele abandonasse a reforma, e ministros ameaçavam renunciar em protesto.
No domingo (26), Netanyahu exonerou o ministro da Defesa, Yoav Galant, que no sábado (25) havia pedido uma pausa de um mês no controverso processo de reforma judicial, impulsionado pelo governo.
Em um discurso na noite de sábado, o ministro exonerado, que pertence ao mesmo partido de Netanyahu, o conservador Likud, disse temer que a divisão sobre a reforma crie uma “ameaça real para a segurança de Israel”.
Desde que o governo Netanyahu, um dos mais à direita da história de Israel, apresentou o projeto de reforma judicial, em janeiro, o país está dividido e há manifestações contrárias a cada semana.