O futuro chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, disse nesta quinta-feira (20) que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) não abrirá espaço para quem não tiver a ficha limpa, mas que não vê o futuro ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, nesta condição, apesar de ele ter sido condenado por improbidade administrativa e ter tido seus direitos políticos suspensos por três anos.
“No governo, não haverá espaço para quem não for ficha limpa. Não acho que seja o caso do futuro ministro Ricardo Salles. Isso vai ser apreciado oportunamente”, afirmou Bebianno, dizendo não estar habilitado a falar por ter passado mal nesta quarta-feira (19), data da condenação de Salles.
O futuro ministro do Meio Ambiente já informou que seus advogados recorrerão da condenação, resultado de uma ação civil pública ambiental e de improbidade administrativa, movida pelo Ministério Público de São Paulo por suposta fraude do processo do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê, em 2016, quando Salles ocupava o cargo de secretário estadual de Meio Ambiente do governo Geraldo Alckmin (PSDB).
Na rápida conversa que teve com os jornalista ao deixar o CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede da transição do governo, Bebianno também foi questionado sobre a decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), que determinou nesta quarta-feira a suspensão de medida provisória que adia o reajuste de servidores públicos de 2019 para 2020.
Com a medida, o reajuste de 209 mil servidores civis ativos e outros 163 mil inativos do governo federal terá que ser pago no ano que vem, gerando um impacto de R$ 4,7 bilhões em 2019. Ainda cabe recurso.
“A principal tarefa, a mais difícil missão que temos é o equilíbrio das contas públicas. Não há como manter o Brasil dentro desta cultura de que aumentos são dados sem que se leve em consideração equilíbrio das contas públicas. Isso é muito ruim, temos certeza que o ministro Lewandowski deve saber disso”, afirmou Bebianno.
Para o futuro ministro da Secretaria-Geral, esta é missão mais difícil porque exige “medidas antipáticas como a não liberação deste tipo de aumento”.
“Vamos começar com um desequilíbrio maior já por causa disso, mas faz parte”, disse Bebianno.
O futuro ministro disse que, em parceria com uma consultoria, o governo está analisando cortes que podem ser feitos na administração pública, mas o resultado só deve chegar em 90 dias. “A máquina estatal está muito inchada, com sobreposição de atividades.”