Uma bebê de dois meses e outro de quatro meses receberam doses da vacina da Pfizer contra covid-19 por engano em uma UBS (Unidade Básica de Saúde) de Sorocaba, interior de São Paulo. As crianças sofreram forte reação e precisaram ser internadas às pressas.
Os bebês deveriam receber a vacina pentavalente —contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria haemophilus influenza tipo b—, recomendada aos 2, 4 e 6 meses de idade.
A Prefeitura de Sorocaba confirmou o erro em nota enviada ao UOL.
A prefeitura abriu um Processo Administrativo Disciplinar para apuração da conduta. Por ora, a técnica de enfermagem que fez a aplicação foi afastada da sala de procedimentos injetáveis até a apuração e verificação das medidas que serão tomadas.”
Prefeitura de Sorocaba, em nota
Vômito e febre alta
“Quando entrei na sala de vacinação, a moça explicou sobre a vacina, preparou e aplicou”, conta a microempresária Ana Cláudia Mugnos Riello, 32, mãe da pequena Liz.
Horas depois, a Liz começou a ter febre muito alta, que não cortava. Quando foi 23h, ela começou a vomitar sem parar. Eu dava de mamar e ela já vomitava. Começamos a dar banho e remédios, mas a febre não baixava.”
Ana Cláudia Mugnos Riello, mãe da Liz
Na manhã do dia seguinte, Ana levou a filha para um posto de saúde, onde recebeu analgésico. À tarde, recebeu uma ligação da UBS Nova Sorocaba, onde a filha foi vacinada. O pedido era para que voltasse levando consigo a carteirinha da filha.
“Quando cheguei, pegaram a carteirinha da Liz e sumiram”, conta. Depois de muita insistência, Ana foi levada a uma sala “nos fundos” do posto “para me afastar das outras pessoas”.
“A enfermeira me pediu calma, veio a ginecologista, funcionários, mas ninguém falava nada”, lembra. Foi quando o secretário de Saúde, Vinicius Rodrigues, apareceu pessoalmente para falar com ela e avisar que Liz recebeu a vacina da Pfizer no lugar da pentavalente.
“Eles me disseram que os frascos são parecidos e por isso a enfermeira se confundiu”, diz Ana. “Agora, o que estava fazendo a vacina de covid junto com a pentavalente?”
Mãe de Miguel, a dona de casa Kethillyn Fernanda Monteiro da Silva, 19, passou pelo mesmo drama. Depois de receber a vacina, o filho ficou com febre forte por mais de 24 horas.
“Às 18h do dia 2 me chamaram no portão de casa. Era o secretário de Saúde que queria falar comigo”, conta Kethillyn. “Ele me disse que deram a vacina errada, da covid. Eu fiquei paralisada na hora, sem reação.”
Ele dormia o dia inteiro, só acordava para mamar. Agora acorda a cada 20 minutos e começa a chorar. Ele se debate de dor. Já são dois dias que ele está assim. Só para com remédio.”
Kethillyn Fernanda Monteiro da Silva, mãe do Miguel
As mães e os bebês foram levados ao Gpaci (Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil), onde estão internados desde a noite de quinta (2). A recomendação foi da Pfizer, que sugeriu sete dias de internação com eletro, ecocardiograma e recolhimento de sangue a cada 48 horas.
“Graças a Deus os dois estão bem. Eles deram um remédio para o estômago e agora estão no soro. Quando tem dor, dão dipirona”, diz Ana. “Foi o que a médica disse: Nós não sabemos o que pode acontecer.”
Em contato com o Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado, com o Ministério da Saúde e com a fabricante da vacina, a Prefeitura de Sorocaba diz que “casos semelhantes” ocorreram “em outros locais”, com os mesmos sintomas de febre.