O Banco Central melhorou sua projeção de crescimento econômico em 2024 a 2,3%, ante patamar de 1,9% estimado em março, conforme Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira, que também apontou um recuo menor que o esperado da inflação nos últimos meses.
Em fatores analisados de perto pelo risco de gerarem pressões sobre a inflação, a autoridade monetária afirmou que a atividade econômica mostrou ritmo forte, superior ao estimado anteriormente, e o mercado de trabalho se aqueceu mais.
O cálculo levou em conta surpresas positivas no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, mas também indicações de desaceleração no segundo trimestre com impacto das enchentes no Rio Grande do Sul.
No entanto, apesar de avaliar que as chuvas causaram expressiva queda na atividade econômica gaúcha, “já há sinais de recuperação”.
“Espera-se que os esforços para a reconstrução do RS contribuam positivamente para o crescimento do PIB no segundo semestre, somando-se ao impacto defasado da redução do grau de aperto monetário ocorrido ao longo do último ano”, disse a autarquia no documento.
A projeção do BC para a atividade ficou mais próxima da visão do Ministério da Fazenda, que prevê expansão de 2,5% para o PIB este ano, apesar de observar incertezas relacionadas aos efeitos das chuvas no Rio Grande do Sul. O mercado, segundo a pesquisa Focus mais recente, está menos otimista e estima que a economia crescerá 2,09% em 2024.
Inflação
No relatório, o Banco Central afirmou que a inflação recuou nos últimos três meses, mas em ritmo menor que o projetado em seu cenário de referência, com uma surpresa de 0,14 ponto percentual para cima, principalmente pela alta de alimentos.
O BC destacou que a desancoragem das expectativas de inflação aumentou, apontando também elevação em suas próprias projeções para a evolução dos preços.
“Para o horizonte relevante, o aumento resultou principalmente da atividade econômica mais forte que o esperado, que levou a uma elevação no hiato do produto estimado”, disse.
Também contribuíram para a alta das projeções, entre outros pontos, o aumento das expectativas de inflação, a depreciação cambial e a utilização de taxa de juros neutra maior.
“Por outro lado, o aumento da taxa de juros real foi fundamental para evitar um aumento mais significativo na projeção”, afirmou.
Na reunião deste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) piorou suas próprias projeções para o comportamento dos preços, informando que a estimativa para a inflação de 2024 foi de 3,8%, no encontro de maio, para 4,0%, com a previsão de 2025 indo de 3,3% para 3,4% em seu cenário de referência.
Pelos cálculos do BC apresentados nesta quinta, a probabilidade de a inflação ultrapassar o limite de tolerância da meta em 2024 aumentou de 19% para 28%. Em 2025, atual foco da política monetária, a chance aumentou de 17% para 21%.
Em relação à condução dos juros básicos, o BC reiterou mensagem da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.