O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, realizou nesta quarta-feira (18) o primeiro corte de juros desde 2020, reduzindo para a faixa entre 4,75% a 5%. Este movimento, aguardado com expectativa por investidores globais, inicia um afrouxamento na política monetária após um período de aperto prolongado.
No entanto, a trajetória futura do Fed permanece envolta em incerteza, com sinais mistos sobre o ritmo de novos cortes e o impacto nas condições econômicas do país.
A decisão desta quarta-feira era amplamente aguardada: Enquanto 59% dos participantes do mercado apostavam em um corte de 0,50 ponto percentual, 41% projetavam uma redução mais moderada de 0,25 ponto. Essa divisão reflete as incertezas quanto à velocidade com que o Fed estará disposto a aliviar as condições monetárias, especialmente em um cenário em que a inflação já recuou de 3,3% em meio para 2,5% em agosto – o menor resultado desde fevereiro de 2021-, e a taxa de desemprego subiu de 3,5% para 4,2%.
Apesar desse corte, o atual nível de juros ainda é o mais alto em duas décadas, evidenciando a cautela do Fed ao lidar com uma inflação que, embora tenha recuado, ainda pode apresentar riscos, particularmente se novas pressões de oferta ou choques externos surgirem. O desafio central é calibrar uma redução gradual que mantenha o controle sobre a inflação, mas sem estrangular o crescimento econômico. A inflação pode estar desacelerando, mas os formuladores de política monetária sabem que uma flexibilização rápida demais pode reacender as pressões inflacionárias.
A expectativa do mercado para as próximas reuniões do Fed, incluindo a de novembro, aponta para cortes mais modestos. Segundo as projeções mais recentes, 51,3% dos investidores esperam um novo corte de 0,25 ponto percentual, enquanto previsões de cortes mais agressivos parecem improváveis a curto prazo. A agência de classificação de riscos Moody’s projeta reduções de 0,25 ponto percentual nas duas reuniões restantes deste ano, enquanto o banco Goldman Sachs acredita que o Fed adotará uma postura mais equilibrada.
O corte nas taxas, embora importante, pode ser apenas uma parte da mensagem transmitida pelo Fed. A atenção dos investidores agora se volta para o “dot plot”, um gráfico que revela as expectativas individuais dos membros do comitê (FOMC) sobre o caminho futuro das taxas de juros. Este gráfico será crucial para entender a visão de longo prazo do Fed e suas intenções para além deste ciclo de cortes.
O dilema do Fed é claro: embora a inflação tenha dado sinais de arrefecimento, o crescimento econômico do país ainda enfrenta riscos, com uma desaceleração no setor imobiliário e um mercado de trabalho começando a mostrar rachaduras. Além disso, a volatilidade global, incluindo tensões geopolíticas e uma desaceleração nas economias emergentes, pode complicar a tomada de decisão do Fed nos próximos meses. A expectativa é que o banco central americano caminhe com cautela, equilibrando o controle da inflação com a preservação de um crescimento econômico robusto.