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domingo 21 de agosto de 2022 às 08:42h

‘Bancada do garimpo’ tem ao menos 20 candidatos em seis estados nas eleições; entenda

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Embalados pelo apoio do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e pela expansão do raio de influência no Poder Legislativo, candidatos ligados ao garimpo estão se lançando na disputa eleitoral deste ano, conforme Eduardo Gonçalves e Fernanda Trisotto, no O Globo. Segundo publicação, serão ao menos 20 postulantes ao cargos de deputado estadual e federal em seis diferentes estados do país. A maioria deles tem como meta aprovar propostas de lei para legalizar a atividade mineradora em áreas que hoje são protegidas, além de flexibilizar regras de fiscalização adotadas por órgãos ambientais.

Uma das principais lideranças do grupo é o empresário Rodrigo Martins de Mello, o Rodrigo Cataratas, que vai concorrer a uma vaga de deputado federal em Roraima pelo PL — partido de Bolsonaro. Ele é coordenador do movimento “Garimpo é Legal”, criado para articular a candidatura de representantes do setor.

— A nossa luta é pela regularização. A gente não consegue avançar nos licenciamentos ambientais porque existe uma burocracia muito grande nos órgãos estaduais e federais. Por isso, temos a necessidade de ter representantes — afirma Cataratas.

Empurrão de Bolsonaro

O candidato a deputado federal em Roraima pelo PL já tentou se eleger deputado estadual em 2010 e vereador em 2012, mas não obteve sucesso nas urnas. Desta vez, aposta na popularidade de Bolsonaro para conseguir uma vaga na Câmara. Nas redes sociais, exibe fotos ao lado do presidente.

Cataratas é o único a possuir uma licença para exercer a atividade de forma legal em Roraima, a chamada Permissão de Lavra Garimpeira (PLG) — expedida durante o governo Bolsonaro. Ele entrou na mira da PF sob suspeita de participar de um esquema de exploração ilegal na Terra Indígena Yanomami. Ele, porém, nega as acusações.

Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o candidato declarou um patrimônio de R$ 33,6 milhões, que abrange dez aeronaves e onze veículos — ele é dono de uma empresa de táxi aéreo. Além disso, afirmou ter R$ 4,5 milhões em dinheiro vivo, que diz usar como capital de giro no garimpo.

O plano de aumentar a representatividade do segmento no Legislativo também foi o que motivou a empresária Letícia Pereira Estela, a Letícia Garimpeira (PSC), a entrar na briga por uma cadeira na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa). O setor de mineração, que movimentou R$ 339 bilhões em 2021 — equivalente a 3,9% do PIB —, tem mais da metade da sua atividade concentrada no estado.

— Muitos políticos vêm pedir votos nessa época, mas, quando ganham, eles não sabem como fazer para ajudar a classe ou simplesmente esquecem as promessas — disse ela, que é dona de um garimpo e foi alvo de operação do Ibama, em maio de 2021, que queimou o seu estoque de óleo diesel e um motor.

Ao TSE, ela declarou R$ 2,9 milhões em bens, sendo R$ 1,07 milhão em “veículos automotores terrestres”, o que inclui máquinas utilizadas no garimpo.

Letícia terá como concorrente outra representante da categoria, Branca Oliveira (Podemos), que critica o que chama de tratamento privilegiado às grandes mineradoras por parte do poder público.

— De um lado, estão os garimpeiros. Do outro, mineradoras multinacionais que dispõem de capital para financiar propaganda e fazer lobby — diz a candidata, integrante de uma família com tradição no setor em Itaituba, cidade que cresceu às margens do Rio Tapajós.

Status do agronegócio

Para o vereador de Itaituba Wescley Tomaz (PSC), que neste ano também tentará disputar uma vaga na Assembleia Legislativa do Pará, a atividade do garimpo deveria ter o mesmo status que o agronegócio possui na Câmara e nos legislativos estaduais.

— O ouro é tão importante para o nosso país quanto o agronegócio. A diferença é que o agro é valorizado e possui representatividade, enquanto a atividade garimpeira ainda não — afirmou Tomaz, filho de garimpeiros da região.

Tomaz contava que esteve em Brasília participando de audiências em ministérios e com o próprio Bolsonaro. O objetivo, segundo ele, foi discutir a formação de um grupo de trabalho que interviesse para a regularização de garimpos ilegais instalados na Bacia do Tapajós.

Mesmo com o apoio de Bolsonaro, que frequentemente faz acenos à classe ao lembrar do passado garimpeiro de seu pai, a avaliação de representantes do setor é que a pauta defendida pela categoria pouco avançou nos últimos quatro anos. Para isso, é essencial ter uma bancada maior.

— Não faz sentido nós do Norte sermos obrigados a obedecer uma legislação que vem lá do Sul. Que democracia é essa? — questiona José Altino Machado (PL), que liderou expedições em busca de ouro em terras indígenas nas décadas de 1970 e 1980 e agora tenta chegar ao Senado como primeiro suplente na chapa de Mário Couto (PL-PA).

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