Quatro homens morreram em operação policial em Santo Amaro da Purificação, a 94 quilômetros de Salvador, na noite de sexta-feira, 29. Segundo a Polícia Militar da Bahia, eles foram baleados após trocarem tiros com policiais, que revidaram. O Estado tem visto uma escalada de confrontos com facções criminosas e óbitos em ações das forças de segurança – a PM baiana mata mais do que a polícia do Rio, historicamente conhecida por sua alta letalidade.
Segundo balanço do Instituto Fogo Cruzado, até quinta-feira, 28, haviam sido 68 mortos em operações policiais em Salvador e na região metropolitana neste mês. Em agosto, haviam sido 61. Nesta semana, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) afirmou que o Estado tem sido firme na tentativa de “barrar o processo” de violência e disse que não determinou, em nenhum momento, que os PMs “trouxessem corpos”.
A crise de violência também acelerou o lançamento, pelo governo Lula (PT), de um plano de combate ao crime organizado, que prevê aplicar R$ 900 milhões para melhorar o combate às facções, como o Estadão revelou. O Ministério da Justiça e Segurança, de Flávio Dino (PSB), tem sido cobrado por ações efetivas no setor.
Na versão da PM, nas mortes mais recentes, os policiais foram ao local após receberem denúncias de que homens armados vendiam drogas e ostentavam armas na região. Os suspeitos baleados tinham entre 23 e 28 anos, segundo a Polícia Civil, e foram identificados como Gabriel Sales de Barros, Anderson Júlio Magalhães Silva, Lucas Vieira dos Santos, e Alex Coelho dos Santos.
A PM afirma que foram apreendidos com eles uma espingarda calibre 12, três pistolas de calibres diversos, munições, 262 pinos de cocaína, 196 porções de maconha, 38 pedras de crack, sete celulares, duas máquinas de cartão bancário, um caderno, uma blusa camuflada, embalagens para drogas. O material foi levado à delegacia de Santo Amaro, onde a ocorrência foi registrada.
Santo Amaro da Purificação, como o restante da Bahia, tem registrado acirramento de conflitos armados e alta da letalidade em ações policiais desde o início do ano. Há um mês, dois suspeitos de integrarem uma facção foram mortos em outra operação da PM em Santo Amaro. A PM da Bahia, à época, afirmou que os policiais foram recebidos a tiros por dez homens no bairro da Candolândia.
Caetano Veloso, músico nascido na cidade, entregou ao papa Francisco uma carta em que revela estar “assustado” com o aumento da insegurança na Bahia e também no Rio de Janeiro, onde mora. “Diante dessa situação de agravamento da violência peço que Vossa Santidade volte seu olhar e suas orações para o nosso país”, escreveu o cantor, que se encontrou com o pontífice no Vaticano nesta semana.