O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), foi alvo de uma ‘ovada’ na cidade de Jeremoabo, no norte do estado, na última sexta-feira (4). No mês passado, o carro de uma candidata à prefeita foi perseguido e alvejado por disparos de arma de fogo, na região sul. Os casos são uma amostra da tensão que marca o pleito municipal deste ano. A Bahia tem, ao menos, 14 casos de violência relacionadas às eleições, segundo o levantamento “Violência Política e Eleitoral no Brasil”.
Esta é a terceira edição da pesquisa, desenvolvida pelas organizações sociais Justiça Global e Terra de Direitos e divulgada por Valma Silva e Hilza Cordeiro, do portal g1, na última quinta-feira (3).
Considerando os registros feitos pelo órgão desde 2022, a Bahia está em terceiro lugar entre os estados com maior número de ocorrências de violência política, empatado com Minas Gerais, ambos com 25 casos, e atrás de São Paulo [53] e Rio de Janeiro [32].
Entre as ocorrências de 2024 estão dois assassinatos, além de agressão física, atentado e ameaça contra políticos em exercício, candidatos e também outros perfis como secretários de governo e assessores parlamentares. Os dados coletados são de janeiro até 15 de agosto.
Depois disso, outros casos já ocorreram. O mais recente foi em Cachoeira, no recôncavo, na noite de quinta-feira (3). De acordo com a polícia, o candidato à prefeitura Tato Pereira (PSD) sofreu uma tentativa de homicídio na comunidade de Capoeiruçu, durante um compromisso de campanha. Um homem a bordo de uma motocicleta efetuou disparos contra o político, que não foi atingido. Ninguém ficou ferido, nem foi preso.
A pesquisa registra apenas casos envolvendo políticos, mas o g1 também registrou fatos contra eleitores, nos últimos dias. Na quinta-feira (3), um eleitor caiu de uma caminhonete após ter uma bandeira puxada por um homem em uma carreata em Juazeiro, no norte da Bahia. Ele sofreu ferimentos, mas não corre risco de morte.
Em Prado, no extremo sul, Giliard Lima dos Santos, de 23 anos, morreu após ser baleado durante uma briga por causa de divergência política. O crime ocorreu na madrugada de sexta-feira (4) e deixou outras duas pessoas feridas – entre elas, o irmão de Giliard. Ninguém foi preso.
Acirramento da violência política
Conforme o levantamento, entre novembro de 2022 e 15 de agosto de 2024 foram 25 casos na Bahia:
- 3 assassinatos
- 5 atentados
- 8 ameaças
- 7 agressões físicas
- 1 ofensa
- 1 criminalização
Ao todo, no Brasil, foram 145 casos somente em 2024. Isso significa que a cada um dia e meio houve um caso de violência política no país. A série histórica da pesquisa revela que de 1º de janeiro de 2016 e 15 de agosto de 2024, foram identificados 1.168 casos de violência política no Brasil. O número já contabiliza os dados da nova edição.
“Desde a primeira edição da pesquisa é possível identificar que em anos eleitorais há um acirramento da violência política. Nos casos registrados percebemos uma naturalização da violência política dado os altos índices de assassinatos, atentados e ameaças. A pesquisa ainda identifica que a violência política afeta as mulheres de maneira desproporcional”, destaca a coordenadora de incidência política da Terra de Direitos, Gisele Barbieri.
Para segundo Barbieri, é necessário criar respostas institucionais à altura, com legislações não só de caráter punitivista, mas também pedagógico, com ações coordenadas de enfrentamento por parte dos órgãos de Estado.