O presidente Jair Bolsonaro publicou na tarde desta terça-feira (20) no Twitter que enviou o nome de Augusto Aras ao Senado para a recondução, por mais dois anos, do atual procurador-geral da República.
“Encaminhei ao Senado Federal mensagem na qual proponho a recondução ao cargo de Procurador-Geral da República o Sr. Antônio Augusto Aras.”
Aras e Bolsonaro
Ao sugerir a recondução de Aras à frente da Procuradoria-Geral da República, Jair Bolsonaro ignora pela segunda vez a lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República.
Em 2019, o presidente da República cravou o nome de Aras e o encaminhou ao Senado, que aprovou o procurador por 68 votos a favor e 10 votos contrários, além de uma abstenção.
Neste ano, a lista tríplice da ANPR definiu os nomes de Luiza Frischeisen, Mario Bonsaglia e Nicolao Dino. A campanha dos três procuradores foi marcada por críticas à omissão de Augusto Aras em responsabilizar Bolsonaro pelos atos cometidos desde o início do mandato e também pela expectativa de que o presidente da República ignorasse novamente lista e reconduzisse o PGR.
A subserviência de Aras a Bolsonaro não é novidade. É só lembrar dos argumentos do PGR no julgamento sobre a liberação de cultos religiosos durante a pandemia. Nesse caso, o procurador defendeu mais as religiões do que a Constituição e a saúde pública.
E essa fidelidade é movida pelo sonho de Aras de ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal. Junto com o atual advogado-geral da União, André Mendonça, o PGR era cotado para a vaga deixada em 12 de julho por Marco Aurélio Mello.
Aras chegou a “colocar a faca no pescoço” dos evangélicos para mostrar a Jair Bolsonaro o tamanho do apoio que tem no grupo. Agora, com a possível recondução ao cargo que ocupa, o PGR ganha fôlego para esperar as duas vagas que serão abertas no STF em 2023, com as aposentadorias de Ricardo Lewandowski e Rosa Weber.
Mas, para isso, é preciso que Bolsonaro se reeleja. E Aras tem dado sua contribuição, fazendo com que a CPI da Covid investigue eventual omissão do procurador-geral na condução da pandemia por Bolsonaro.