O procurador-geral da República, Augusto Aras, negou durante a festa dos 50 anos do jornal Tribuna nesta última segunda-feira (21) que tenha tratado com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre a crise do PSL.
Segundo a imprensa nacional, os dois se reuniram antes de o chefe do Palácio do Planalto embarcar para o exterior. “Em hipótese nenhuma (tratamos sobre isso). Minha conversa foi sobre o retorno de Roma. Foi uma visita de cortesia para agradecer o convite para integrar a comitiva oficial, embora eu não tenha aceitado por ter custeado a minha passagem. Eu paguei as minhas despesas e da minha esposa, que é minha colega”, disse ao se referir a canonização de Irmã Dulce que aconteceu no Vaticano.
Aras evitou falar sobre a crise do PSL. O presidente nacional da sigla, Luciano Bivar, e Bolsonaro estão em atrito, depois de o chefe do Palácio do Planalto afirmar que o colega de partido está “queimado pra caramba”. Na semana passada, o conflito ganhou mais um capítulo quando Bolsonaro tentou retirar o Delegado Waldir – aliado de Bivar – da liderança do PSL na Câmara dos Deputados para colocar o seu filho, Eduardo Bolsonaro. “Isso é uma questão partidária. Só o presidente pode falar sobre ela e o seu grupo. É uma questão interna. O procurador-geral não pode tratar de assunto partidário. Pode falar do sistema eleitoral, partidário, mas não de uma crise, de uma situação de um determinado partido”, pontuou.
O procurador-geral voltou a defender a operação Lava Jato e negou que haja qualquer ameaça às ações que apuram o combate à corrupção. “A Lava Jato nunca vai estar ameaçada porque o Ministério Público também estaria ameaçado se a Lava Jato estivesse ameaçada. (…) Não se pode falar em acabar a Lava Jato, porque não se pode falar em acabar com o Ministério Público. As nossas operações vão continuar em curso. Todas elas”, declarou.
Sobre a fala do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de que planejou matar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, Aras voltou a se esquivar. “Não tenho opinião formada sobre o assunto, porque ninguém sabe a extensão nem a finalidade desses fatos declarados”, pontuou. Aras também evitou falar sobre as medidas provisórias assinadas pelo presidente Jair Bolsonaro que podem retirar receitas de jornais. “Provavelmente como se trata de uma medida judicializada vai chegar à Procuradoria e quando chegar vamos nos manifestar”, ressaltou.