Enriquecimento de urânio, achados inexplicáveis, falta de acesso para monitores internacionais intensificam suspeitas sobre intenções de Teerã. Rafael Grossi, da Agência de Energia Atômica, condena ameaças nucleares. O Irã está “a semanas, mais do que a meses” de ter suficiente urânio enriquecido para desenvolver uma bomba nuclear, afirmou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, em entrevista à DW, ressalvando: “Mas isso não significa que o Irã tem ou teria uma arma nuclear nesse prazo.”
Portanto, embora suficiente enriquecimento de urânio em grau quase armamentista seja causa para alarme, não se pode tirar conclusões diretas, já que “uma ogiva nuclear funcional exige muitas outras coisas, independente da produção de material físsil suficiente”.
Para além disso, os objetivos de Teerã são “uma questão de especulação”. A versão oficial é que haveria necessidade desse material radioativo para propósitos médicos ou civis.
Segundo Grossi, a AIEA não está recebendo do Irã o acesso devido, o que contribui para as especulações sobre o programa nuclear do país. “Tenho repetido às minhas contrapartes iranianas […] essa atividade faz franzir testas, reforçado pelo fato de que não estamos obtendo o grau de acesso e visibilidade que eu acredito seria necessário. Juntando isso tudo, é claro que se acaba com um monte de pontos de interrogação.”
Ameaças nucleares são “deploráveis” e “tabu”
O diretor-geral citou descobertas não esclarecidas, feitas por sua agência, como traços de urânio enriquecido em locações inesperadas, agravando as dúvidas quanto à transparência iraniana: “Isso está no centro desse diálogo que eu tenho tentado e ainda tento conduzir com o Irã.”
Abordando as tensões crescentes entre o país muçulmano e Israel, Grossi condenou qualquer intenção de atacar instalações nucelares, que classificou como “tabu absoluto”. Ele considera preocupante a tendência a lançar ameaças de ataque ou armas nucleares: “Acho que essa normalização do discurso sobre as armas nucleares, de lançá-las, obtê-las, é absolutamente deplorável.”
Referindo-se às notícias sobre conversas entre os Estados Unidos e o Irã, ele assegurou que sua agência sempre procura promover o diálogo: “E estou interessado é no diálogo entre nós, a AIEA e o Irã, porque há muitas coisas a serem esclarecidas, e para tal vamos viajar em breve para Teerã.”