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domingo 15 de maio de 2022 às 14:53h

Atirador de Buffalo era investigado pela polícia do estado de NY

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O acusado de matar dez pessoas em um supermercado de Buffalo, nos Estados Unidos, já era investigado pela polícia do estado de Nova York desde que estudava no ensino médio. Payton Gendron, de 18 anos, se entregou à polícia neste sábado (14), após disparar com um rifle contra 14 pessoas, a maioria negra.

Buffalo Shooter Payton Gendron: Conklin Teenager Drove 200 Miles for  Attack; Pleads Not Guilty

As autoridades policiais descreveram o ato como “extremismo violento com motivação racial”. “Investigamos o ocorrido como crime de ódio e um caso de violência extremista de motivação racial”, declarou Stephen Belongia, agente especial do escritório do FBI em Buffalo, perto da fronteira com o Canadá.

O agressor, identificado horas mais tarde, foi detido após o tiroteio e acusado de “morte com premeditação”. Ele usava capacete equipado com câmara para transmitir o seu crime ao vivo pela internet, colete à prova de balas e roupas de tipo militar, segundo as autoridades judiciárias locais e a polícia.

O presidente Joe Biden denunciou o ataque como “terrorismo doméstico” e agradeceu o trabalho da polícia e dos serviços de emergência.

“Qualquer ato de terrorismo doméstico, incluindo um ato cometido em nome de uma repugnante ideologia de nacionalismo branco, é antitético a tudo o que defendemos nos Estados Unidos”, afirmou em um comunicado.

Joseph Gramaglia, comissário de polícia de Buffalo, informou que dez pessoas morreram e três ficaram feridas. Onze vítimas eram negras.

O agressor disparou primeiro contra quatro pessoas no estacionamento do supermercado, três das quais morreram, e depois entrou na loja e continuou atirando, explicou o xerife da cidade no oeste do estado de Nova York.

Entre os mortos dentro do estabelecimento estava um policial aposentado que trabalhava como segurança e portava arma.

O funcionário “confrontou o suspeito”, mas o atirador – que estava protegido por um colete à prova de balas – o matou com seus disparos, disse Gramaglia.

Quando a polícia chegou ao local, o atirador apontou a arma para si mesmo, na altura do pescoço, antes de se entregar às autoridades, ainda de acordo com Gramaglia.

Foi um ato de “pura maldade”, disse John Garcia, xerife do condado de Erie, onde fica Buffalo. “É um crime racista e motivado pelo ódio”, acrescentou.

A imprensa americana informou que as autoridades investigam um manifesto “de caráter racista” divulgado na internet, no qual o suspeito explicaria seus planos e motivações.

O jornal The New York Times afirma que o suspeito se “inspirou” em atos de supremacia branca, como o assassinato de 51 muçulmanos em mesquitas da cidade neozelandesa de Christchurch em 2019.

De acordo com o jornal local The Buffalo News, a arma semiautomática usada no tiroteio tinha epíteto racial e o número 14, símbolo da supremacia.

O promotor distrital do condado, John Flynn, disse que o suspeito usou uma “arma de ataque”, mas não especificou o tipo.

O gabinete do promotor afirmou que o atirador foi detido sem direito a fiança e acusado por assassinato em primeiro grau, o que pode resultar em pena de prisão perpétua sem liberdade condicional.

Questionada pela imprensa sobre a possibilidade de o agressor enfrentar a pena de morte, a procuradora do distrito oeste de Nova York, Trini Ross, respondeu: “Todas as opções estão na mesa”.

O autor do tiroteio, que carregava uma câmera, começou a divulgar o crime pela plataforma Twitch, que se declarou “devastada” e prometeu “tolerância zero contra todas as formas de violência”.

“Investigamos e confirmamos que menos de dois minutos após o início da violência retiramos as imagens transmitidas”, afirmou um porta-voz do serviço de streaming.

“Estamos tomando todas as medidas apropriadas, incluindo a supervisão de qualquer conta que retransmita esse conteúdo”, acrescentou.

Byron Brown, prefeito de Buffalo, disse que o atirador “viajou horas até a comunidade para cometer o crime”.

“É um dia de grande dor para nossa comunidade”, afirmou Brown.

O tiroteio é o mais recente de motivação racial nos Estados Unidos.

Em 2019, um homem branco armado viajou várias horas pelo Texas e matou 23 pessoas em um Walmart em El Paso, onde grande parte da população é hispânica.

Quatro anos antes, em Charleston, na Carolina do Sul, um homem branco abriu fogo em uma igreja da comunidade afro-americana e matou nove pessoas.

Nos dois casos, os atiradores publicaram manifestos de ódio antes de cometer os ataques.

No mês passado, um franco-atirador abriu fogo em um bairro de luxo de Washington, feriu quatro pessoas e depois cometeu suicídio.

Apesar dos tiroteios fatais recorrentes e de uma onda de violência armada em todo o país, várias iniciativas para reformar as leis de armas fracassaram no Congresso dos Estados Unidos, deixando para estados e prefeituras a decisão de determinar as próprias restrições.

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