A Embaixada do Irã em Beirute condenou os ataques aéreos de Israel contra Dahiyeh, uma região no sul da capital libanesa, nesta sexta-feira, dizendo que os bombardeios “representam uma séria escalada que muda as regras do jogo”.
Em nota, a embaixada afirmou que Israel deve “ser punido apropriadamente”.
Já o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani, falou à mídia estatal iraniana que o ataque representa “crime de guerra” e que Israel e Estados Unidos precisam ser responsabilizados.
“Este ataque bárbaro, que foi realizado com bombas doadas pelo regime dos Estados Unidos ao regime sionista (…) é um claro e inegável crime de guerra. Logo, o regime americano também é cúmplice e precisa ser responsabilizado”, disse Kanaani.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) atacaram nesta sexta-feira a suposta sede da milícia libanesa Hezbollah em Beirute, pouco depois do discurso do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.
Ainda não há informações sobre mortos e feridos, mas o bombardeio é considerado um mega-ataque. Quatro prédios foram destruídos no bairro de Haret Hreik, segundo a TV Al-Manar do Hezbollah, e casas a mais de 30 quilômetros sentiram as janelas sacudirem pelo impacto. Em Beirute, o céu foi pintado por uma fumaça preta e laranja. Ambulâncias foram vistas a caminho do local, informou a agência de notícias Associated Press.
Funcionários de hospitais da região disseram à Associated Press que ao menos 10 feridos estão sob atendimento, três em estado crítico. Entre eles, está uma criança síria. Apenas na manhã desta sexta-feira, 25 pessoas foram mortas em ataques israelenses. O número de vítimas registradas na última semana ultrapassa a marca de 600 pessoas.
No discurso na ONU, Netanyahu afirmou que Israel trava uma batalha pela vida contra “inimigos selvagens” que querem a aniquilação do país, citando também a possibilidade de retaliação contra qualquer ataque lançado pelo Irã contra território israelense. Ele também disse que não está em guerra contra a população libanesa, mas contra o Hezbollah, por ter “sequestrado o Líbano”.
O ataque é mais um dos desdobramentos da escalada de tensão entre Israel e Hezbollah, que trocam tiros na fronteira desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro do ano passado. A instabilidade na região foi agravada na semana passada após uma série de pagers, principal forma de comunicação da milícia libanesa, e walkie-talkies explodirem no Líbano, em ataque atribuído ao governo israelense.
Em meio ao aumento da violência, Israel rejeitou uma proposta de cessar-fogo com o Hezbollah, apresentada pelos Estados Unidos, França e um grupo de países, nesta quinta-feira, 26. O plano pedia uma suspensão imediata nas hostilidades por 21 dias, para que uma solução diplomática fosse alcançada antes que o conflito se transforme em uma guerra mais ampla.