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Cármen Lúcia foi eleita presidente do TSE na última terça-feira (7) 09/05/2024 - Alejandro Zambrana/Secom/TSE
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sexta-feira 30 de agosto de 2024 às 14:33h

‘As redes sociais anonimizaram o ódio’, diz Cármen Lúcia sobre ataques a candidatas

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A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, disse temer segundo a coluna de Mônica Bergamo, da Folha, que ataques feitos contra candidatas mulheres por meio das redes sociais dificultem ainda mais a participação feminina no pleito deste ano e, passado o ciclo eleitoral, desestimulem sua participação em disputas por cargos eletivos.

A ministra afirmou que o discurso de ódio dirigido a mulheres é “misógino, sexista, desmoralizante”, atingindo não só a elas, mas também a pessoas próximas, e é mais agressivo do que quando tem um homem como destinatário.

“Corre o risco de ver uma diminuição de mulheres se candidatando nas [próximas] eleições. E por quê? Porque acharam outro jeito de limitar os direitos das mulheres”, disse a presidente do TSE em debate realizado em Brasília, na noite de quarta-feira (28), após a exibição da peça “Prima Facie”.

“Esses dias, uma senhora [eleita] no interior da Bahia, com 83% de avaliação positiva, me disse: ‘Ministra, eu não vou me recandidatar’. ‘Mas por quê?’. ‘Minha filha tem 14 anos e há um ano e meio está morando com a avó em outra cidade porque não conseguia ir à escola e escutar as coisas que diziam contra mim’.”

Cármen afirmou que a ofensiva aprisiona até mesmo mulheres esclarecidas que já superaram barreiras e criticou a instrumentalização de plataformas digitais para a promoção dos ataques.

“Embora a Constituição proíba o anonimato, as redes sociais anonimizaram o ódio. Quem odeia está ali por trás, mas não mostra a cara, porque além de tudo são covardes”, disse aos presentes.

“Implanta tanta ferocidade, tanta crueldade, tanta perversidade, que as mulheres, não é que elas não podem, elas nem querem se apresentar [para cargos eletivos]. Arrumaram um outro jeito de nos agrilhoar”, finalizou.

A fala da magistrada, situada no contexto eleitoral, ocorre em meio à disputa entre o bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), e o Supremo Tribunal Federal (STF). O bloqueio da plataforma é aguardado.

Na noite de quarta-feira, a presidente da corte eleitoral se uniu à ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge, ao ministro aposentado do Supremo Carlos Ayres Britto, à atriz Débora Falabella e à diretora Yara de Novaes no palco do Teatro Unip para falar sobre o espetáculo “Prima Facie” após sua exibição.

No enredo, Falabella vive uma advogada bem-sucedida que tem entre seus clientes acusados de violência sexual. Ela passa a questionar o sistema Judiciário, porém, depois de se tornar vítima de um estupro.

A peça é uma adaptação de texto homônimo da dramaturga Suzie Miller, que estreou em Londres em 2022 e provocou debates por mudanças nas leis britânicas sobre o tema.

A apresentação em Brasília ocorreu após uma mobilização de Dodge, que ficou impactada depois de ver uma apresentação da peça no Rio e quis levá-la à capital federal para mostrá-la a lideranças e integrantes do Poder Judiciário.

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