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segunda-feira 14 de agosto de 2023 às 09:23h

As histórias de espiões desmascarados na Alemanha

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A Alemanha está na mira dos serviços secretos estrangeiros há tempos. Agentes duplos, casal com vida de fachada, morte na guilhotina e um espião como braço direito do chanceler: confira os casos mais emblemáticos.A guerra da Rússia contra a Ucrâniasignifica “um ponto de virada também para a segurança interna”, disse a ministra alemã do Interior, Nancy Faeser, ao apresentar, em junho deste ano, o Relatório de Proteção à Constituição 2022. Como um país aliado da Ucrânia, a Alemanha provavelmente estaria particularmente no foco do serviço secreto russo.

Agora, Faeser alertou novamente para campanhas de desinformação, ataques cibernéticos e espionagem por parte de serviços secretos estrangeiros. O motivo: a prisão de Thomas H, na cidade alemã de Koblenz, na quarta-feira (9).

A promotoria acusa o oficial alemão de ter oferecido seus serviços aos Kremlin, repassando informações sobre material e armas da Bundeswehr (as Forças Armadas Alemãs) ao serviço secreto russo.

De acordo com o jornal alemão Tagesspiegel, o homem já teria atraído a atenção internamente por sua simpatia ao partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) e sua política em relação à Rússia.

No final de 2022, um caso semelhante ganhou as manchetes. Carsten L. era chefe do departamento pessoal do Serviço Federal de Inteligência da Alemanha (BND, na sigla em alemão) – mas ele próprio revelou-se um risco à segurança interna.

O ex-oficial da Bundeswehr foi acusado de trabalhar como agente duplo para o serviço secreto russo FSB e de ter divulgado segredos de Estado. De acordo com reportagens da mídia, o FSB estava particularmente interessado em dados de posição antiaéreas que países ocidentais forneceram à Ucrânia. Carsten L., porém, provavelmente não teve acesso a essas informações. Ele foi preso em 21 de dezembro de 2022 e está sendo investigado por traição, juntamente com um suposto cúmplice.

Vida “monôtona” de fachada

Mas não é apenas desde a invasão da Ucrânia pela Rússia que espiões da Alemanha têm se reportado a Moscou.

Um casal de agentes russos fingiu por décadas ter uma vida comum e monôtona de classe média, sob os nomes de Andreas e Heidrunbang Anschlag – ele como engenheiro, ela como dona de casa. Na verdade, porém, os dois trabalhavam para Moscou como agentes secretos desde o final dos anos 1980.

Primeiro para o serviço secreto soviético, depois para o russo, eles espionaram, da Alemanha, a Otan e a União Europeia. O casal recebia as missões por meio de mensagens criptografadas de ondas curtas – naquela época, a espionagem não era um negócio predominantemente digital.

Somente no outono europeu de 2011 é que os espiões foram desmascarados – provavelmente graças a uma dica dos serviços secretos dos EUA. Eles foram condenados a vários anos de prisão em 2013 e acabaram deportados para a Rússia.

Agentes duplos

No jargão da antiga Alemanha Oriental (RDA), os agentes que espionavam para os serviços secretos da União Soviética eram chamados de “exploradores da paz”.

Estima-se que cerca de 12 mil deles tenham trabalhado para a Stasi– o serviço de segurança da RDA – na Alemanha Ocidental durante a Guerra Fria.

Entre eles estava a agente Gabriele Gast, que só foi exposta após o colapso da RDA e pouco antes da reunificação da Alemanha.

Gast viajou para RDA e foi recrutada por um oficial da Stasi em 1968, durante uma pesquisa para sua dissertação intitulada O papel político das mulheres na RDA. A partir de então, trabalhou para o serviço secreto da Alemanha Oriental e fez carreira no serviço secreto da Alemanha Ocidental (BND), sob um nome falso. Foi considerada a melhor espiã da RDA no Ocidente.

Uma fonte igualmente exemplar para a Stasi foi Alfred Spuhler. Como funcionário de alto escalão do BND, ele denunciou centenas de agentes ocidentais ativos na RDA – mas foi preso em novembro de 1989.

Heinz Felfe, chefe do departamento de contraespionagem do BND por muitos anos, também trabalhou como agente duplo. Ele se reportou à KGB em Moscou até 1961. Ao longo da vida, teria trabalhado para sete serviços secretos diferentes, incluindo o MI6 britânico e o “serviço de segurança” da SS (Schutzstaffel, organização paramilitar nazista).

O espião na chancelaria

Provavelmente o caso de espionagem mais sensacional da época da Guerra Fria na Alemanha é o de Günter Guillaume. Disfarçado de refugiado do Leste, ele e sua esposa Christel chegaram à Alemanha Ocidental em 1956. Seu trabalho: fornecer à Stasi informações internas sobre o Partido Social Democrata (SPD). Guillaume ascendeu politicamente e acabou se tornando o assistente pessoal de Willy Brandt, então chanceler federal da Alemanha Ocidental pelo partido SPD.

Quando Guillaume foi desmascarado, Brandt renunciou ao cargo, em 6 de maio de 1974. Günter Guillaume foi condenado a 13 anos de prisão e sua esposa, a oito anos. Ambos foram libertados graças a uma troca de agentes entre a RDA e a RFA em 1981.

Executados na guilhotina

Sabe-se menos sobre os agentes ocidentais na RDA do que vice-versa – talvez porque muitos informantes da Stasi foram expostos após a queda do Muro de Berlim. Por ouro lado, muitos espiões do BND no Oriente nunca foram descobertos. O mesmo pode ser dito de agentes de nações amigas como os Estados Unidos, que também espionaram a Alemanha, chegando a grampear o celular da então chanceler federal Angela Merkel.

Especialmente trágico é o caso dos dois agentes ocidentais Elli Barczatis e Karl Laurenz, que contrabandearam documentos da RDA para o Ocidente no início da Guerra Fria, nos anos 1950.

Elli Barczatis trabalhava como secretária-chefe do primeiro-ministro da RDA Otto Grotewohl e teve acesso a documentos do governo bastante banais, que passou para seu amado Laurenz, no Ocidente.

Mesmo os papeis não revelando nenhum segredo bombástico, os dois ficaram em mais lençóis, já que as relações entre as duas Alemanhas eram extremamente tensas na época e a RDA ainda estava sob a influência do stalinismo.

Barczatis e Laurenz foram condenados à morte e acabaram executados na guilhotina em 1955.

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