Uma coisa é o presidente Bolsonaro que tomou posse em primeiro de janeiro de 2019, outra coisa é o Bolsonaro de hoje. A grande diferença entre estes dois personagens foi resultado da ação do permanente funcionamento das instituições, elas acabaram por o enquadrar dentro do presidencialismo de coalizão.
Bolsonaro foi eleito rejeitando publicamente o Centrão, sua vitória se deve ao fato de ele ter sido “contra isso tudo que está aí” De acordo com a coluna Radar, ao tomar posse e exercer seu primeiro ano de mandato ele foi apoiado por três direitas: a direita autoritária, a direita liberal e a direita religiosa. Ficou de fora de seu início de governo a direita política. Isso foi possível até o momento em que várias crises desembarcaram no país e em Brasília, com destaque para a pandemia e os escândalos envolvendo seus filhos, Queiroz e o advogado Frederick Wassef. Tudo isso não seria problema se a avaliação do governo não caísse no início de 2020.
As crises vieram combinadas com várias derrotas impostas ao Governo Bolsonaro tanto pelo Poder Legislativo quanto pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Do ponto de vista midiático e simbólico nada foi mais marcante do que a prisão de Sara Winter. Paralelamente, dizia-se que Rodrigo Maia era o primeiro-ministro e que o Brasil estava vivendo praticamente um regime parlamentarista. As raposas do Congresso jogavam xadrez ao passo que Bolsonaro não passava de um jogador de damas.
O presidente teve instinto de sobrevivências: diante dos vários reveses ele deu passos atrás e incorporou os partidos do chamado Centrão em seu governo. Todos se recordam das mudanças já realizadas de líderes e vice-líderes parlamentares. O ponto alto foi a escolha do experiente e habilidoso deputado Ricardo Barros para liderar o bloco governista na Câmara dos Deputados. O varejo da política também mudou e os representantes do povo passaram a ter acesso direto ao orçamento discricionário por meio de indicações para os cargos-chave.
A demissão do Ministro do Turismo é apenas mais um capítulo de incorporação da direita política no governo Bolsonaro. Deixe-se claro, ele expeliu de seu apoio social a direita autoritária (as sara winters da vida) e incorporou em seu governo a direita política, essa foi a grande mudança imposta pelo sistema político a Bolsonaro. Diante de tudo isso, a coluna diz que é esperado que Arthur Lira, do Centrão, venha a ser eleito presidente da Câmara. Apenas um escândalo de grande impacto poderá retirá-lo da condição de favorito.