Caixas-pretas foram recuperadas, e autoridades ainda tentam identificar cinco das 179 vítimas. Especialistas norte-americanos, inclusive da Boeing, participam da investigação. A Coreia do Sul intensificou as investigações sobre o acidente com o avião da Jeju Air no Aeroporto Internacional de Muan ocorrido no domingo (29), que matou 179 pessoas que estavam a bordo – apenas dois membros da tripulação sobreviveram.
A aeronave tentou um pouso de emergência de barriga, aterrissando sem o trem de pouso acionado, logo após emitir um pedido de socorro. O avião derrapou no final da pista e explodiu em chamas ao colidir contra uma barreira de concreto e areia após o final da pista.
Assista ao acidente:
Um funcionário do Ministério dos Transportes da Coreia do Sul disse que ainda era cedo para comentar sobre um item do manual operacional do aeroporto de 2024, que teria recomendado que a barreira fosse movida para uma distância mais segura em uma expansão futura do aeroporto.
Nesta terça-feira, as autoridades ainda trabalham para identificar cinco das vítimas, enquanto as famílias se reuniam no aeroporto pedindo a liberação de seus restos mortais para realizar os funerais.
Investigadores dos EUA participam de apuração
O Ministério dos Transportes da Coreia do Sul informou que oito investigadores norte-americanos – um da Administração Federal de Aviação, três do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes e quatro da Boeing – juntaram-se à equipe de apuração no local. O avião que caiu era um Boeing 737-800.
As duas caixas-pretas da aeronave foram recuperadas, mas o ministério disse que o gravador de dados da cabine sofreu danos e as autoridades estavam analisando como extrair seus dados gerais de voo. A recuperação dos dados do gravador de voz da cabine de comando, que registra o áudio na cabine, já havia começado.
O presidente interino Choi Sang-mok ordenou uma inspeção de segurança emergencial de toda a operação aérea do país na segunda-feira.
E o presidente da Jeju Air, Kim E-bae, disse na terça-feira que sua empresa aumentaria o número de funcionários de manutenção e reduziria as operações de voo em 10% a 15% até março, como parte dos esforços para melhorar as análises de segurança.
Suspeita de problema hidráulico, muro no centro das atenções
John Hansman, especialista em aviação do MIT, disse que o acidente foi provavelmente o resultado de um problema com o sistema hidráulico do avião e também com seus sistemas de controle.
Ele avalia que isso seria consistente com o fato de o trem de pouso e os flaps das asas não terem sido acionados “e poderia indicar um problema de controle que explicaria a pressa de chegar ao solo”.
Os investigadores também disseram que os pilotos receberam um alerta durante o voo sobre uma possível colisão de pássaros.
Outros analistas disseram que os passageiros e a tripulação poderiam ter tido mais chances de sobrevivência sem a barreira de concreto que fez o avião parar.
“Infelizmente, aquela coisa foi a razão pela qual todos morreram, porque literalmente atingiram uma estrutura de concreto”, disse o capitão Ross Aimer, executivo da Aero Consulting Experts, à agência de notícias Reuters. “Não deveria estar lá”.
A área atrás do muro abriga um conjunto de antenas destinadas a auxiliar pousos seguros por equipamentos. Os manuais de operações do aeroporto informam que a barreira estava mais próximo do final da pista do que as diretrizes internacionais, a cerca de 199 metros. As regras internacionais sugerem uma área de segurança de 240 metros.
Luto nacional e celebrações silenciosas do Revéillon
Os dois andares do Aeroporto Internacional de Muan ainda estavam lotados de pessoas em luto e prestando homenagem na terça-feira. Parentes se curvavam em frente a um altar improvisado, forrado com crisântemos e fotos dos mortos.
Muitas celebrações de Ano Novo em todo o país foram canceladas enquanto o país lamentava seu pior acidente aéreo em décadas. O governo declarou uma semana de luto nacional até 4 de janeiro.