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O NAe São Paulo chegou ao Brasil em 2001; o navio foi construído na França entre 1957 e 1960 (Marinha do Brasil)
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quinta-feira 8 de setembro de 2022 às 16:13h

Após ser barrado na Turquia, porta-aviões São Paulo está voltando ao Brasil

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Conforme Thiago Vinholes, do Airway, após ser proibido de entrar em águas territoriais da Turquia e de Gibraltar, o rebocador que transporta o casco do porta-aviões NAe São Paulo deu meia volta e está retornando ao Brasil. Segundo dados da plataforma de rastreamento de embarcações Marine Traffic, o ex-navio da Marinha do Brasil deve chegar ao Rio de Janeiro em 2 de outubro.

O retorno do porta-aviões desativado é uma determinação do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). No fim de agosto, o órgão brasileiro acatou a reclamação do governo turco sobre a ausência de um inventário detalhado sobre a quantidade de materiais tóxicos a bordo da embarcação, sobretudo amianto, e cancelou a autorização que permitia o envio do barco para o desmantelamento no porto de Aliaga, na Turquia.

Porta-aviões brasileiro São Paulo, barrado no baile - Mar Sem Fim

Arrematado como sucata por representantes brasileiros do estaleiro turco Sok Denizcilikve Tic em março de 2021 por R$ 10,5 milhões, a embarcação iniciou a viagem rumo a Turquia em 4 de agosto. A entrada do navio no território turco, no entanto, estava condicionada ao envio do relatório de substâncias tóxicas presente na embarcação, que vinha sendo exigido pelas autoridades turcas em contato com o governo brasileiro desde 9 de agosto. Sem a resposta de Brasília, a permissão de entrada do barco no litoral do país, emitida em 30 de maio, foi revogada.

O rebocador que transporta o porta-aviões iniciou o retorno ao Brasil quando se encontrava na altura da costa do Marrocos, próximo a entrada do Estreito de Gibraltar que dá acesso ao Mar Mediterrâneo na Europa. A previsão original apontava a chegada do comboio na Turquia em 11 de setembro. Ainda não há informações sobre o local onde o casco do navio aeródromo será atracado novamente no Rio de Janeiro.

Maior navio de guerra do Brasil

O navio-aeródromo São Paulo chegou às mãos da Marinha do Brasil no ano 2000, comprado da França por US$ 12 milhões durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. O navio foi o substituto do NAeL Minas Gerais, que operou no Brasil entre 1960 e 2001.

Quando ainda estava ativo, o São Paulo era o porta-aviões mais antigo do mundo em operação. A embarcação foi lançada ao mar em 1960 e serviu com a marinha da França com o nome FS Foch, de 1963 até 2000. Sob a identidade francesa, o navio de 32,8 mil toneladas e 265 metros de comprimento atuou em frentes de combate na África, Oriente Médio e na Europa.

Com a Marinha do Brasil, no entanto, a embarcação teve uma carreira curta e bastante conturbada, marcada por uma série de problemas mecânicos e acidentes. Por esses percalços, o navio passou mais tempo parado do que navegando. Em fevereiro de 2017, após desistir de atualizar o porta-aviões, o comando naval decidiu desativar o NAe São Paulo em definitivo.

Segundo dados da marinha brasileira, o São Paulo permaneceu um total de 206 dias no mar, navegou por 54.024,6 milhas (85.334 km) e realizou 566 catapultagens de aeronaves. A principal aeronave operada na embarcação foi o caça naval AF-1, designação nacional para o McDonnell Douglas A-4 Skyhawk, hoje operados a partir de bases terrestres.

Porta-aviões gêmeo, Clemenceau passou por situação parecida

O Clemenceau, irmão do Foch, que foi desmantelado no Reino Unido entre 2009 e 2010, teria cerca de 760 toneladas da substância retirada de seu casco. Desativado em 1997, o porta-aviões foi vendido para uma empresa espanhola em 2003, que pretendia desmontá-lo também na Turquia, mas a França cancelou o acordo.

Dois anos depois, o governo francês tentou levá-lo para a Índia, onde outro porta-aviões brasileiro, o Minas Gerais, foi desmontado sem quaisquer cuidados.

A tentativa foi frustrada pelo Egito, que impediu que o Clemenceau passasse pelo Canal de Suez. Após discussões prolongadas, a França decidiu trazer o navio de volta. Em 2008, finalmente o porta-aviões seguiu para Hartlepool, no norte da Inglaterra, onde a empresa Able UK o desmontou.

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