O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou a Karolini Bandeira, do jornal O Globo, após reunião com o presidente Lula da Silva (PT) e com ministros, que continuará no cargo e que uma possível troca não foi tratada no encontro.
Questionado se fica no cargo, ele respondeu:
— Claro que sim, não teve problema nenhum com isso. Zero problema.
O presidente Lula reuniu mais cedo, por mais de três horas, o presidente da Petrobras e os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Fazenda, Fernando Haddad, entre outros nomes do governo, para discutir a decisão da estatal de não distribuir dividendos extras aos acionistas.
Ao ser perguntado sobre a questão dos dividendos, Prates se esquivou:
— Eu prometi lá que não vou mais falar sobre isso. Quanto mais eu falo, mais inventam moda. Então agora quem fala é o (Alexandre) Silveira.
Entenda a crise
A retenção de 100% dos dividendos extraordinários da estatal derrubou as ações da empresa e, também, é reflexo de uma disputa interna no próprio governo. A Petrobras perdeu mais de R$ 55 bilhões em valor de mercado em um só dia.
Como mostrou a colunista a Malu Gaspar, do O Globo, Prates defendia a proposta de distribuir aos acionistas 50% dos recursos que sobraram livres no caixa após o pagamento dos dividendos regulares — R$ 43,9 bilhões.
Por outro lado, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendia reter esse dinheiro em um fundo de reserva. O governo tem maioria no Conselho de Administração da empresa, com 6 dos 11 conselheiros. Lula arbitrou e acabou decidindo que empresa não pagaria dividendo extra.
Silveira conta com o apoio do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Essa ala do governo argumenta que a retenção desse recurso preserva o fluxo de caixa da Petrobras, sem abrir mão do compromisso da companhia de pagar dividendos futuramente, revendo a decisão em outro momento.
Prates, no entanto, defende que se não pagar o extra aos acionistas poderia derrubar o valor de mercado da Petrobras e de que não há riscos em fazer os pagamentos. Frente a mais uma queda de braço com o ministro Alexandre Silveira e a Casa Civil, o presidente da Petrobras tem buscado apoio junto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.