O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) informou neste último domingo (5) que está com Covid-19, assim como sua esposa, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja. Os dois entraram em isolamento e não vão participar de atividades presenciais da pré-campanha do petista à Presidência nos próximos dias.
A notícia foi publicada em perfis do ex-presidente nas redes sociais. O diagnóstico foi confirmado neste domingo, e os dois estavam bem —Lula, 76 anos, assintomático e Janja, 55, com sintomas leves.
Eles, que se casaram no último dia 18, em cerimônia em São Paulo, ficarão em isolamento e terão acompanhamento médico nos próximos dias, segundo o comunicado. A socióloga costuma ir com o marido aos principais encontros de sua agenda eleitoral.
Segundo a Folha, um boletim assinado pelo médico Roberto Kalil Filho e postado no perfil do ex-presidente afirma que ele está sem sintomas para a doença, “em bom estado geral, devendo permanecer em isolamento domiciliar nos próximos dias”.
Segundo a coluna Mônica Bergamo, o casal chegou a ir neste última domingo ao Hospital Sírio-Libanês para fazer exames, mas não foram necessários procedimentos mais detalhados já que a situação dos dois é considerada boa.
Lula já tinha compromissos públicos anunciados para esta segunda-feira (6) e terça-feira (7) na capital paulista. A assessoria de imprensa afirmou que a presença do ex-presidente nos eventos está cancelada.
O presidenciável, que lidera as pesquisas para outubro, à frente do candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), era esperado nesta segunda no lançamento do chamado Quilombo nos Parlamentos, uma iniciativa suprapartidária com mais de cem pré-candidatos ao Legislativo em prol da causa antirracista.
Para terça, a agenda oficial do pré-candidato previa uma conversa dele sobre o setor elétrico e o projeto de privatização da Eletrobras na sede da Federação Nacional dos Trabalhadores em Energia, Água e Meio Ambiente.
Lula cumpriu agenda neste sábado (4) ao lado do possível vice na chapa, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB), e de aliados. Ao participar de um encontro para discutir temas ambientais, ele fez ataques a Bolsonaro e prometeu que, caso eleito, “não haverá garimpo em terra indígena neste país”.
Ao longo da semana passada, Lula e Janja também viajaram a Porto Alegre, onde ele foi recebido por centenas de apoiadores, e compareceram ao lançamento de um livro em homenagem ao político no campus da PUC-SP.
No ato na capital gaúcha, Lula posou ao lado de Alckmin, da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e de outros correligionários.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que compõe a coordenação da campanha, afirmou em uma rede social neste domingo que verificará se também contraiu o vírus.
“Como estive com o presidente Lula em atividade no último final de semana, realizarei todos os exames necessários e tomarei todos os cuidados devidos”, escreveu ele, ao desejar “plena e rápida recuperação” ao ex-presidente e à esposa.
Lula já tomou quadro doses de vacina contra a Covid-19. Ele afirmou em uma rede social no início de abril que recebeu a dose de reforço da Janssen e por isso estava “um pouco baqueado”, “com o braço doído”.
A imunização da população contra a doença é tema frequente nos discursos do petista, que usa o assunto para criticar Bolsonaro pela demora na aquisição de vacinas e pela má gestão da pandemia.
É a segunda vez que o ex-presidente pega Covid. Em dezembro de 2020, ele viajou para Cuba e foi diagnosticado ao chegar ao país.
Apesar de fazerem o teste antes de embarcar, o ex-presidente e sua comitiva de nove pessoas fizeram novos exames ao desembarcar na ilha. Todos estavam infectados e tiveram que fazer quarentena.
Alckmin também contraiu Covid no mês passado, o que o tirou do ato de lançamento da chapa, na capital paulista. Com o diagnóstico confirmado um dia antes do evento, ele teve que fazer o seu discurso por meio de vídeo, em um telão. O ex-governador apresentou sintomas leves.
A média móvel de infecções pelo Sars-CoV-2 no Brasil, com 29.342 casos, atingiu neste domingo um aumento de 103% em comparação ao dado de duas semanas atrás. Mais de 667 mil pessoas já morreram pela doença no país, segundo o consórcio de veículos de imprensa.
Esta é a segunda vez que o ex-presidente pega Covid-19. Em dezembro de 2020, ele viajou para Cuba e foi diagnosticado ao chegar ao país.
Apesar de fazerem o teste antes de embarcar, o ex-presidente e a comitiva de nove pessoas que viajou ao país com ele fizeram novos exames ao desembarcar na ilha. Todos estavam infectados e tiveram que fazer quarentena.
Na época, Lula também foi submetido a um exame de tomografia que mostrou lesões no pulmão, compatíveis com broncopneumonia associada à Covid-19.
Na fase atual da pré-campanha, Lula concilia os eventos ao lado de simpatizantes com reuniões para tentar destravar acordos regionais do PT que garantirão palanques para a chapa. Parte dos embates se dá com o partido de seu vice.
Pesquisa Datafolha divulgada no último dia 26 apontou que o ex-presidente tem 21 pontos percentuais de vantagem sobre Bolsonaro e lidera a disputa presidencial com 48% das intenções de voto no primeiro turno, ante 27% do principal adversário.
Além da rivalidade entre PT e PSB em estados-chave, como Rio de Janeiro e São Paulo, aliados de Lula reconhecem a resistência de militares e de setores do empresariado —ambos alinhados a Bolsonaro— como obstáculo a ser transposto.
As disputas dentro do arco da aliança impuseram embaraços nas primeiras viagens protagonizadas por Lula depois da oficialização de sua candidatura, no dia 7 de maio. Os palanques estaduais não estavam montados nos três estados selecionados para a largada da pré-campanha.
A falta de acordo pesou, por exemplo, para cancelamento da visita, programada para a última quinta-feira (2), a Santa Catarina.
Também para evitar contratempos, nenhum dos seus três pré-candidatos ao Governo do Rio Grande do Sul pôde discursar ao lado de Lula durante ato na quarta-feira (1º) em Porto Alegre.
Como a coligação com o PSD estadual ainda não estava consolidada, Lula passou três dias em Minas Gerais sem a presença do ex-prefeito Alexandre Kalil, a quem apoiará para governador. A previsão era que, com a costura do acordo, Lula voltasse a Minas no dia 10 de junho, cronograma que deve ser revisto por causa do diagnóstico de Covid.
Apesar de petistas afirmarem que o excesso de candidatos é um bom problema, na última terça-feira (31), Lula se reuniu com os presidentes do PT e do PSB, Gleisi Hoffmann e Carlos Siqueira, para análise das disputas locais. Fixaram o prazo de 15 de junho para definição do quadro, inclusive em São Paulo.
Conhecedores do ex-presidente apostam na desistência do ex-governador Márcio França (PSB) em favor do lançamento do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) ao Palácio dos Bandeirantes.
Na avaliação desses aliados, Lula e Alckmin não teriam autorizado a definição de uma data sem sinais de um desfecho positivo.
No Rio, parte do PT resiste ao apoio a Marcelo Freixo (PSB), ameaçando construir uma coligação com o PSD, do prefeito Eduardo Paes, ou, até mesmo, articulando um acordo informal com o governador Cláudio Castro (PL) —correligionário de Bolsonaro.
Mas desacordo maior é sobre quem concorrerá ao Senado. O PSB quer lançar o deputado Alessandro Molon. Já o PT pleiteia a candidatura do presidente da Assembleia, André Ceciliano.
Há percalços também no Espírito Santo, na Paraíba e em Pernambuco. De acordo com um interlocutor do petista, é preciso resolver os estados o quanto antes, para não “ficar arrastando problemas”.
Embora publicamente minimizem a necessidade de diálogo com representantes das Forças Armadas ainda na pré-campanha, sob o argumento de que a tarefa foi assumida por membros do Judiciário, colaboradores do ex-presidente admitem preocupação com a falta de canais com militares, especialmente os da ativa.
Com a tibieza da terceira via e a liderança de Lula nas pesquisas de opinião, cresceu a frequência com que representantes do mercado financeiro e setores da economia têm convidado Lula e aliados para reuniões sobre cenário econômico.
Esses interlocutores admitem, porém, ainda enfrentar resistências. Lula tem sofrido críticas por parte do empresariado por não apresentar propostas claras do que irá fazer em um eventual governo e não indicar quem são seus interlocutores nessa área.