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Sheila, Waldenor, Ivan, Edílson, Washington e Lúcia. Muitos nomes em uma eleição com ares de plebiscito. - Foto: Montagem - Fotos: Divulgação/A Tarde
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sexta-feira 9 de junho de 2023 às 08:37h

Antipetismo aproxima atual gestão da direita mais radical em Vitória da Conquista

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Terceiro maior colégio eleitoral da Bahia, com mais de 250 mil eleitores, Vitória da Conquista abriga hoje tendências políticas que, em princípio de acordo com reportagem de Alan Rodrigues, do jornal A Tarde, sugerem uma diversidade de pensamentos mas, na prática, a polarização do eleitorado é flagrante e a cidade se divide entre o petismo e o antipetismo.

Por 20 anos, Conquista foi governada por prefeitos do PT. A interrupção do ciclo petista se deu em 2016, no auge da lava-jato, com a vitória de Herzem Gusmão (MDB) sobre Zé Raimundo, do PT, com uma margem folgada de votos. Na reeleição, em 2020, o petista chegou a vencer o primeiro turno, mas, a virada aconteceu, mais uma vez com vantagem confortável, evidenciando o desgaste do partido dos trabalhadores no município.

Entre uma eleição e outra, o fenômeno do bolsonarismo ganhou peso decisivo na política local, diz Alan Rodrigues na publicação. Aliado de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro, Herzem, falecido em 2021, após a reeleição, atraiu os votos da direita conservadora.

Essa cisão alimenta o desejo do PL, partido de Bolsonaro, de construir uma candidatura própria, seguindo a orientação do presidente estadual do partido, o ex-ministro João Roma. Mas, a possibilidade de reaproximação não está descartada.

Correndo por fora dessa polarização a três, a vereadora Lúcia Rocha (MDB), segunda mais votada para deputada estadual no município, com 25.161 votos, aparece como alternativa mais viável e vem liderando as pesquisas até o momento. Oposição a atual gestão, ela participou ativamente da campanha do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e pode ser um nome de consenso.

Legado

Ele acredita que, apesar de todo o antipetismo consolidado no eleitorado de Conquista, o PT tem muito a defender no município. “Nosso partido tem 20 anos de muitas realizações. O povo de Conquista é politizado”, acredita Waldenor.

Deputado mais votado no partido, Waldenor é principal nome da oposição
Deputado mais votado no partido, Waldenor é principal nome da oposição|  Foto: Divulgação

Ele destaca o investimento em saneamento básico, “um dos 10 melhores do Brasil”, além da implantação de educação de nível superior e programas estaduais e federais, como o Luz para todos, incentivo à agricultura familiar, o hospital Afrânio Peixoto, policlínica, e 14 mil unidades residenciais do Minha Casa, Minha Vida.

Para Waldenor, a eleição de Herzem Gusmão em 2016, foi resultado da conjuntura política nacional, com o grande desgaste provocado pela operação lava-jato, além de um cansaço natural após gestões sucessivas.

Waldenor acredita que, com a eleição de Jerônimo e o retorno de Lula à presidência, o desgaste da atual gestão deva se acentuar. “Eles estão enfrentando muitas dificuldades, a avaliação é negativa, postos de saúde fechados, falta de medicamentos, dificuldade no transporte público com licitações vazias, possibilidade de greve na educação, chuvas castigam cidade e expõem a péssima qualidade da pavimentação”, avalia o deputado, que vê nas últimas pesquisas uma rejeição muito grande da atual prefeita.

Sobre a ligação da gestão com o ex-presidente, Waldenor é taxativo. “Decidiram pelo apoio a Bolsonaro e não realizaram absolutamente nada. Se não fosse o governo do estado a acidade estaria abandonada”, acrescenta o parlamentar, que aponta a troca de secretários como um “bate cabeça” da gestão Sheila Lemos. Waldenor acredita que a população sente saudades das gestões petistas. “Já deu tempo de fazer uma avaliação comparativa”.

Com oito mandatos, a vereadora mais votada da atual legislatura, Lúcia Rocha (MDB), pode ser uma alternativa para enfrentar a atual prefeita e o antipetismo do eleitorado de direita. Lúcia vem participando de reuniões com outros vereadores e lideranças petistas e, a partir das tendências apontadas pelas pesquisas, pode ser o nome escolhido para tentar repetir, de forma invertida, a fórmula bem sucedida na eleição para o governo do estado, que teve Geraldo Jr. (MDB) como vice de Jerônimo Rodrigues (PT).

Filha de Irma Lemos (atual presidente do União Brasil em Conquista), vereadora de três mandatos e vice-prefeita no primeiro mandato de Herzem Gusmão, Sheila Lemos se lançou na política em 2018, como candidata a deputada federal, e, em 2020, ocupou o lugar da mãe na chapa encabeçada por Herzem Gusmão e assumiu o comando do Executivo municipal logo no início do segundo mandato do emedebista, que morreu em decorrência da Covid.

“Assumi num momento de muita dor, com um entendimento diferente do Governo do Estado, porque entendemos que cada região é diferente. A gente provou que nossa política deu certo”, sentencia a prefeita, encampando um pensamento comum aos bolsonaristas, que ainda hoje questionam as medidas de isolamento adotadas durante a pandemia.

Sheila busca reeleição após herdar o cargo de Herzem Gusmão
Sheila busca reeleição após herdar o cargo de Herzem Gusmão|  Foto: Divulgação

Além do Covid, a gestão de Sheila Lemos ainda enfrentou a maior chuva dos últimos 50 anos, com 800 mm de precipitação em 70 dias, o equivalente a toda a chuva prevista para o ano, no final de 2021 e início de 2022.

Apesar da repercussão negativa junto ao eleitorado do ex-presidente, que teve 41,69% da votação no município (84.019 votos), Sheila Lemos acredita na possibilidade de reaproximação e vem conversando com representantes do PL para uma possível composição de chapa. “As eleições serão polarizadas, nosso adversário é o PT”, diz a prefeita.

Terceira via

As lideranças do PL confirmam o diálogo, mas, em princípio, o partido pretende ter candidatura própria. Entre os nomes cotados, o do vereador Ivan Cordeiro (PTB) aparece mais forte. Terceiro mais votado do município para deputado federal (11.271 votos), Cordeiro já anunciou que vai migrar para o PL, tão logo seja homologada a fusão entre PTB e Patriotas, que vai abrir a janela para mudança partidária sem prejuízo para o edil.

O vereador diz que teve sua eleição prejudicada pela aliança de seu partido com ACM Neto e não descarta uma composição de chapa com Sheila Lemos, apesar da prefeita não ter priorizado a reeleição de Bolsonaro. Cordeiro entende que o desempenho do governo Lula no plano nacional pode pesar contra o PT. “O Congresso tem maioria conservadora e o governo Lula já enfrenta dificuldades”, avalia.

Além de Ivan Cordeiro, outros dois nomes disputam a condição de pré-candidatos do PL. Edílson Gusmão é irmão do ex-prefeito Herzem. Com 4.575 votos para deputado estadual na última eleição, ele se coloca como herdeiro do legado político deixado pelo irmão e incorpora o bolsonarismo raiz.

Irmão de Herzem, Edilson se coloca como herdeiro do legado político
Irmão de Herzem, Edilson se coloca como herdeiro do legado político|  Foto: Divulgação

Edílson também questiona a condução da pandemia pelo governo do estado, defende a eficácia da ivermectina e condena o fechamento do comércio e das igrejas. Ele igualmente critica o apoio da prefeita Sheila Lemos a ACM Neto e à política do “tanto faz”. “Ela se distanciou do eleitorado, ainda não se posicionou se é direita ou esquerda”, diz o pré-candidato, que advoga pela candidatura própria do seu partido. “O PL é muito grande para só fazer vereadores”, sentencia.

Vice-presidente do recém-criado diretório do PL em Conquista, o radialista Washington Rodrigues é outro que figura entre possíveis concorrentes ao Executivo municipal. Ele reforça a determinação do presidente estadual da legenda, João Roma, que planeja ter candidaturas no máximo de cidades. “A meta é fazer mil prefeitos em todo o Brasil”, anuncia Washington.

Ele afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro deve fazer um ‘tour’ pelo país e, possivelmente, Conquista estará no roteiro. O vice-presidente local do PL diz que a ideia é ter um nome de direita e reforça que a prefeita Sheila Lemos não representa esse eleitorado.

“Tentou agradar a todos e agora vai ter que mostrar serviço até a eleição. Já o PT vai depender muito do desempenho do Governo Federal, se não estiver bem, não vai poder evocar o nome de Lula”, projeta Rodrigues, que também não fecha a porta para uma eventual composição com a atual gestora.

De acordo com Washington Rodrigues, Bolsonaro deve participar de palanque em Conquista
De acordo com Washington Rodrigues, Bolsonaro deve participar de palanque em Conquista|  Foto: Divulgação

A possibilidade de formação de uma chapa conjunta fica clara nas palavras do presidente do PL conquistense, Flávio Farias. Ele aguarda a chegada do vereador Ivan Cordeiro e avalia o potencial eleitoral de Washington e Edílson, sempre com o discurso de candidatura própria, mas não desconsidera apoiar a prefeita, seja no primeiro ou no segundo turno.

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