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terça-feira 20 de fevereiro de 2024 às 18:49h

Aliados de Lula mudam estratégia e decidem rebater ‘fake news’ do governo de Israel

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Em reunião nesta tarde de terça-feira (20) no Palácio do Planalto, o presidente Lula da Silva (PT) decidiu junto com o assessor especial Celso Amorim e o ministro das Comunicações, Paulo Pimenta, que seria preciso responder às últimas manifestações públicas de Israel nas redes sociais contra ele.

O chanceler Mauro Vieira, que participou das discussões desde o Rio de Janeiro, também deve segundo a coluna de Malu Gaspar, do O Globo, fazer uma nota pública em resposta às postagens do governo de Benjamin Netanyahu.

A decisão representa uma mudança na orientação que vigorou até o início da tarde, de não botar água na fervura da crise com Israel e não responder ao que foi chamado internamente de “provocações baratas”. Na última postagem, a conta oficial do governo israelense se referiu a Lula como um “Holocausto denier”, ou um negador do Holocausto.

A resposta do governo Lula veio em forma de um tuíte do ministro Pimenta, em que ele diz que o chanceler israelense, Israel Katz, distribuiu “conteúdo falso” ao atribuir a Lula “opiniões que jamais foram ditas por ele” e reafirma a posição da política externa brasileira a favor da solução de dois Estados.

A nota do chefe da Secom diz ainda que o governo Netanyahu “se nutre da guerra para se manter no poder” e que, isolado, “adota prática da extrema direita e aposta em fake news para se reafirmar interna e internacionalmente”.

De acordo com um integrante da cúpula do Itamaraty, a guinada ocorreu porque não era possível permitir que Israel continuasse a “propagar fake news”, que poderiam se espalhar pelas redes e contaminar a opinião pública.

A ideia de uma manifestação pública do chanceler Vieira tem a ver com uma avaliação que vem desde o início da crise, de responder de forma dura mas diplomaticamente.

O tom do posicionamento de Paulo Pimenta está alinhado com a avaliação da cúpula do Ministério das Relações Exteriores de que a ofensiva pública do governo de Israel sobre o Brasil é vista como uma “tática trumpista e bolsonarista” de desviar as atenções para a discussão que ocorreu hoje no Conselho de Segurança da ONU, com a votação de uma resolução apresentada pela Argélia condenando a ação de Israel em Gaza.

A resolução foi vetada pelos Estados Unidos, que vão apresentar um texto alternativo. O Brasil também fez hoje uma manifestação na Corte Internacional de Justiça em Haia, na Holanda, em que classificou como ilegal a ocupação israelense em territórios palestinos.

A crise com Israel começou no último domingo, quando Lula comparou em entrevista coletiva a atuação israelense na Faixa de Gaza ao que Hitler fez com os judeus durante o Holocausto.

Em resposta, Katz declarou o presidente persona non grata no país – o que, de acordo com diplomatas envolvidos na crise, deixou Lula furioso.

O governo israelense também chamou o embaixador do Brasil em Jerusalém, Frederico Meyer, para uma reunião que deveria ter sido fechada, mas acabou acontecendo no Museu do Holocausto, em situação de grande constrangimento.

A reação do Brasil foi convocar Meyer para consultas em Brasília e chamar o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, para uma reunião que – esta sim – aconteceu a portas fechadas.

Pedir desculpas, porém, não é uma opção, ainda mais depois da reação israelense, afirmam diplomatas. ‘Quem tem que pedir desculpas é Israel, e não ao Brasil, mas à humanidade’, disse Celso Amorim à colunista Bela Megale.

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