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segunda-feira 5 de agosto de 2019 às 11:26h

Aliados de Bolsonaro de olho nas próximas eleições

POLÍTICA


As declarações do presidente Jair Bolsonaro possuem certo nível de radioatividade quando se deseja falar para um maior espectro de eleitores. Já para o chamado eleitor-médio que o colocou no Palácio do Planalto, pouca importa se conceitos como “honestidade” e “anticomunismo” estiverem presentes nessas falas.

No entanto, segundo o RBN, essa lógica não necessariamente se repete para outros integrantes da classe política. Por isso é natural que aliados como ACM Neto (DEM) e João Doria (PSDB) tentem manter uma distância regulamentar. Só é difícil querer apenas o bônus de marchar lado a lado e fingir que não existe um ônus.

O prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM formalmente não integra a base aliada de Bolsonaro. Todavia, ACM Neto tem orientado o partido a acompanhar o governo “em votações importantes para o país”. O DEM administra três ministérios, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, e foi o principal avalista da votação da fase inicial da reforma da Previdência. Queira ACM Neto ou não, é natural que haja a associação entre o partido e o presidente da República, mesmo que de maneira indireta.

Já o governador de São Paulo vive o embaraço de tentar criar uma distância fictícia entre ele e Bolsonaro. Depois do duo Bolsodoria em 2018, qualquer tentativa de se afastar do ocupante do Palácio do Planalto é uma guinada na estratégia de marketing para evitar um eventual naufrágio. Além de ser constrangedor, fala muito mais sobre a personalidade política de Doria do que de Bolsonaro – e até mesmo os mais críticos ao presidente admitem que autenticidade é algo que não lhe falta. O alinhamento entre o governador paulista e o presidente é automático sim e negar isso beira o insulto ao eleitor – algo até bem típico na cena brasileira.

É óbvio que tanto o posicionamento de ACM Neto quanto de João Doria, respeitadas as respectivas posições e importâncias, têm claras preocupações eleitorais. Se a onda conservadora preponderante na última eleição mantiver força nos pleitos municipais, eventualmente a aliança com Bolsonaro será fundamental para surfar nesse mar de possiblidades. Por isso, não vale a pena partir para o embate público direto. É muito mais esperto dizer que há discordâncias pontuais e seguir no barco, aproveitando a boa maré enquanto é possível.

O outro lado também não seria uma surpresa. Caso Bolsonaro patine na opinião pública, principalmente após sucessivas declarações desastradas, manter certo distanciamento é uma estratégia importante para evitar ser atingido por respingos. Então, ficar em cima do muro – ainda que neguem – é talvez uma zona confortável para aguardar as cenas das próximas eleições. Por isso os adversários vão insistir em atrelar as imagens de figuras como ACM Neto e João Doria a do presidente da República. É como se Bolsonaro fosse uma kryptonita possível de ter sua ação controlada, uma radioatividade que, em doses adequadas, não faz um mal tão grande.

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