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domingo 8 de maio de 2022 às 15:44h

Aliado de MDB e PSDB, Cidadania sai em defesa do PT e repudia ataques de líderes evangélicos à sigla

NOTÍCIAS, POLÍTICA


O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, divulgou nota na sexta-feira (6) em solidariedade ao PT e em repúdio ao “fundamentalismo religioso”. A manifestação veio depois de o presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), o pastor José Wellington Bezerra da Costa Júnior, afirmar que o ex-presidente Lula (PT) e candidatos petistas não devem ser recebidos nas igrejas ligadas à organização. A declaração foi compartilhada, em vídeo, pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL), líder da Frente Parlamentar Evangélica na Câmara. No registro, o partido de Lula é associado ao “inferno”.

Na manifestação, assinada por Freire, o Cidadania “alerta para a cada vez mais beligerante posição de alguns pastores que, longe de representar o que pensa o diverso grupo de evangélicos brasileiros, vêm perpetrando ataques reiterados ao Estado Laico, à democracia e, em especial, ao Partido dos Trabalhadores, com o qual são conhecidas as nossas divergências”.

A nota classifica também como “fundamentalista e totalitária” a postura “de alguns líderes que estão mais devotados à causa própria que à fé que dizem professar”, além de citar o escândalo de corrupção no MEC, em que dois pastores são acusados de fazer lobby para destravar recursos do ministério, em troca de propina. Ainda segundo o documento, a postura dessas lideranças religiosas atenta “contra a laicidade, a democracia e a Constituição, que lhes garante a liberdade de culto, ao lançar sobre o partido o anátema do inimigo”.

“Concorde-se ou discorde-se de suas posições, o PT é parte da institucionalidade nacional. A democracia e o debate político comportam apenas adversários. Qual o próximo passo dos fundamentalistas? Reeditar uma Santa Inquisição e queimar na fogueira todos aqueles de que discordam? O país não é uma República teocrática nem os brasileiros que eles pensam liderar desejam isso”, diz trecho da manifestação, que pede uma reação da comunidade evangélica “contra esse visão torta da religião”.

Apesar do aceno ao PT, no entanto, o Cidadania tem participado das tratativas em conjunto com o MDB e o PSDB, que buscam um acordo para uma candidatura única de terceira via. Nos últimos dias, no entanto, as negociações enfraqueceram com a saída do União Brasil, que decidiu lançar uma ‘chapa pura’ encabeçada pelo presidente da legenda, Luciano Bivar. A sigla de Roberto Freire, inclusive, havia aprovado federação com os tucanos no início do ano, o que ainda não foi formalizado.

‘É laço do diabo!’

Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), Sóstenes compartilhou o registro em questão na noite de terça-feira e pediu a seus seguidores que divulgassem o conteúdo. No vídeo, o pastor José Wellington Bezerra da Costa Júnior diz lamentar que alguns pastores tentam levar a igrejas da convenção candidatos petistas e compara o partido ao “inferno”.

“Não cabe, irmão. O inferno não tem como entrar no lugar santo. Aqui é santo! É bom que nos conscientizemos disso, nos preparemos porque você que é pastor de igreja pode ser procurado sorrateiramente. ‘Não, é só uma visita’. Não, é laço, é laço do diabo. Nossa igreja tem o seu perfil, tem a sua posição”, diz o líder evangélico, em trecho de sua fala.

Apesar da determinação do pastor, porém, as orientações da convenção não têm que ser seguidas, necessariamente, pelas igrejas da denominação. Isso acontece porque as Assembleias de Deus têm comando, em geral, descentralizado. Um de seus principais líderes, o pastor Silas Malafaia, que comanda o ministério Vitória em Cristo, por exemplo, não é alinhado com o grupo.

No mesmo evento, em seguida, a fala foi reiterada pelo pastor José Welligton Bezerra da Costa, pai do presidente da CGADB. Ele chamou o PT de “partido das trevas” e lembrou de uma frase dita por Lula recentemente, em que o ex-presidente petista diz ser favorável ao tratamento do aborto como uma questão de saúde pública.

Em suas redes sociais, o presidente da Frente Parlamentar Evangélica frequentemente compartilha publicações contrárias ao PT, o que também acontece com outros líderes evangélicos ligados ao governo, como Malafaia, o deputado Marco Feliciano (PL-SP) e o ex-senador Magno Malta.

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