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Marconi Perillo — Foto: Michel Filho / Agência O Globo/
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quinta-feira 30 de novembro de 2023 às 11:26h

Aliado de Aécio, Marconi Perillo é eleito presidente do PSDB

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O PSDB escolheu nesta quinta-feira (30) o ex-governador de Goiás Marconi Perillo como novo presidente nacional do partido. Ele vai substituir o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que decidiu não permanecer no cargo para se dedicar à gestão estadual e também para focar em tentar se viabilizar como alternativa nas eleições presidenciais de 2026.

Perillo foi governador de Goiás por quatro mandatos e é adversário do atual governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Tentou se eleger senador nas duas últimas eleições, mas sem sucesso. Ele é aliado próximo do deputado Aécio Neves (MG), que foi presidente do partido e candidato ao Palácio do Planalto em 2014. O deputado foi um dos principais articuladores da chapa que saiu vitoriosa hoje na reunião do partido.

O novo presidente da legenda deseja conforme Lauriberto Pompeu, do jornal O Globo, que o PSDB tenha candidato a presidente em 2026 e avalia que Leite é “o candidato natural” do partido. Ele considera um erro a decisão de o partido não ter candidato e apoiado a ministra do Planejamento, Simone Tebet, do MDB, na disputa passada.

Em 2018 chegou a ficar preso por um dia por suspeita de receber propina da Odebrecht. No ano passado, o Supremo Tribunal Federal anulou os efeitos da operação que resultou na prisão por considerar que o assunto era para ter sido julgado pela Justiça Eleitoral.

Próximo de Leite, o ex-senador José Aníbal, que já presidiu o partido de 2001 a 2003, tentou voltar ao cargo, mas não conseguiu apoio interno suficiente e retirou a candidatura. Em seu discurso no evento, Aníbal disse que o partido não tem uma “unidade sólida”.

– O que não podemos é ficar fazendo de conta que a nossa unidade é sólida. Nós estamos unidos, mas é uma unidade que não tem uma âncora política sólida. O PSDB está um pouco perdido nesse panorama que estamos hoje na política brasileira. Isso vem se acumulando ao longo do tempo.

Eduardo Leite inicialmente desejava que o ex-senador Tasso Jereissati fosse escolhido para representar o PSDB, mas houve resistência e prevaleceu a vontade de Aécio pela escolha de Perillo. Leite participou da convenção, mas Tasso esteve ausente.

Tasso assumiu o comando interino do partido em maio de 2017, quando Aécio precisou se afastar após ser atingido no caso JBS. No comando da legenda, o ex-senador fazia diversas críticas a Aécio e chegou a falar na época que “tem diferenças muito profundas” com ele.

Nos últimos anos, Tasso, Aécio e Leite agiram alinhados contra o ex-governador de São Paulo João Doria, que tentou sem sucesso ser o candidato do partido a presidente no ano passado. Com a saída de Doria do PSDB, as divergências entre os grupos de Aécio e Tasso voltaram à tona.

Há também reclamações de que, na presidência do partido, Eduardo Leite não fez uma oposição enfática ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Governador de um estado que lida com uma crise fiscal, o tucano não tem mostrado disposição para entrar em embates com o governo federal.

Mesmo com as críticas, tanto Aécio, quanto Perillo defendem publicamente Leite como candidato do partido a presidente. Paralelamente, Aécio tem testado cenários para decidir se disputa o governo de Minas Gerais em 2026, cargo que já ocupou de 2003 a 2010.

A disputa no estado não é simples e deve envolver um candidato do grupo do atual governador Romeu Zema (Novo) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tem buscado ao mesmo tempo apoio da direita e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O PSDB tem passado por um processo de diminuição. Hoje a legenda só possui uma bancada de 14 deputados federais. Pelo fato de ter apenas dois senadores, a bancada perdeu o direito a de ter uma estrutura de liderança partidária e foram desalojados de uma sala que possuíam no Senado.

O partido também perdeu nomes relevantes nacionalmente, como Geraldo Alckmin, que foi governador de São Paulo e candidato a presidente duas vezes pelo partido. Ele hoje está no PSB e decidiu ser vice-presidente de Lula, que era seu rival e de seu antigo partido.

A troca no comando do partido acontece em meio a uma contestação judicial do comando de Leite e também de uma queda de braço entre ele e uma ala do partido em São Paulo. Um dia antes de deixar o comando da sigla, o governador gaúcho nomeou o prefeito de Santo André, Paulo Serra, seu aliado, para presidir o PSDB paulista.

Leite foi adversário do ex-governador de São Paulo João Doria nas prévias presidenciais do PSDB. Doria se desfiliou do partido, mas nomes ligados a ele continuam na legenda e tem se mobilizado contra ações do governador.

Um dos pontos de divergência envolve a eleição para prefeito de São Paulo. Leite deseja que o PSDB tenha candidato próprio e integrantes da sigla na capital paulista querem apoiar a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Perillo evitar dar opinião sobre a disputa em São Paulo e diz que isso “é um assunto que tem que ser discutido em conjunto com o PSDB de São Paulo, que é muito forte”.

A Justiça do Distrito Federal decidiu, em outubro, dar um prazo de 30 dias para que o PSDB realizasse uma nova convenção para definir o comando do partido.

O entendimento é que a escolha de Leite para a presidência aconteceu de forma irregular. Ele assumiu no fim do ano passado com a renúncia do então presidente Bruno Araújo. Autor da ação contra o governador do Rio Grande, o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), desejava que Leite fosse afastado imediatamente do cargo, mas o pedido não foi atendido.

Entre aliados do governador o entendimento foi que a decisão judicial foi inócua porque o partido já planejava fazer a convenção em novembro antes da Justiça impor o prazo.

Não é a primeira vez que o ex-governador de Goiás tenta presidir o PSDB. No final de 2017, após o fim do período de Tasso como interino, Perillo chegou a ensaiar uma candidatura para comandar a sigla, com o apoio de Aécio, mas retirou após Geraldo Alckmin viabilizar seu nome para o cargo.

Considerado inocente pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região da suspeita de receber propina da JBS, Aécio tem recuperado a influência no partido e dessa vez conseguiu emplacar o aliado no comando da legenda.

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