Próximo às margens do rio Spree, em Berlim, está sendo construído o maior reservatório de água quente da Europa, com 45 metros de altura e capacidade de 56 milhões de litros. Segundo a empresa de produção, distribuição e comercialização de energia elétrica, gás e calefação urbana Vattenfall, responsável pela obra, a torre ajudará a aquecer as casas de Berlim neste inverno, mesmo que o fornecimento de gás russo se esgote.
“É uma garrafa térmica enorme que nos ajuda a armazenar calor quando não precisamos dele”, disse Tanja Wielgoss, diretora da unidade de calor da empresa sueca na Alemanha. “E então podemos liberá-lo quando precisarmos usá-lo.”
Segundo a DW, embora os sistemas de aquecimento da capital alemã alimentados por carvão, gás ou resíduos já existam há mais de um século, a maioria não é projetada para armazenar quantidades significativas de calor. Em vez disso, queimam todo o combustível fóssil de que necessitam, contribuindo para as emissões de gases de efeito estufa que causam o aquecimento global.
Em contraste, a nova instalação manterá a água a uma temperatura próxima ao ponto de ebulição, usando eletricidade de usinas eólicas e solares. Durante períodos em que a energia renovável excede a demanda, a instalação armazena calor.
“Às vezes há um excesso de eletricidade nas redes que não pode ser usado, e então as turbinas eólicas têm que ser desligadas”, explica Wielgoss. “E nós podemos utilizar essa eletricidade.”
A instalação, com custo de 50 milhões de euros, terá uma capacidade térmica de 200 megawatts, suficiente para atender grande parte das necessidades de água quente de Berlim no verão e cerca de 10% de suas necessidades de inverno. O enorme tanque isolado pode manter a água quente por até 13 horas, ajudando a cobrir períodos curtos de pouco vento ou sol.
Também será capaz de utilizar outras fontes de calor, como a extraída das águas residuais, explicou Wielgoss. Embora seja a maior instalação de armazenamento de calor da Europa quando for concluída, no fim de 2022, uma ainda maior já está sendo planejada na Holanda.
Berlim depende dos combustíveis fósseis russos
“Devido à sua localização geográfica, a região de Berlim é ainda mais dependente dos combustíveis fósseis russos do que outras partes da Alemanha”, disse Bettina Jarasch, secretária de Meio Ambiente da capital.
“A guerra na Ucrânia e a crise energética nos ensinam que temos que ser mais rápidos. Antes de mais nada, para nos tornarmos climaticamente neutros e, em segundo lugar, independentes das importações de energia.”
Os números divulgados no fim de junho pela Associação Alemã das Indústrias de Energia e Água (BDEW) mostram que os esforços para reduzir o uso de gás natural estão tendo efeito: consumo de gás caiu 14,3% nos primeiros cinco meses de 2022 em comparação com o mesmo período do ano interior.
Parte do declínio foi devido ao clima mais ameno, mas a associação registra uma queda mensurável atribuível a condições econômicas mais difíceis, aos apelos do governo alemão por economia de energia e aos esforços pessoais da sociedade.
Wielgoss está confiante, apesar da possível redução do gás vindo da Rússia, já que Moscou retalia as sanções ocidentais reduzindo o fluxo de gás através dos principais gasodutos: “Os consumidores alemães estão muito bem protegidos. Certamente não sofrerão nenhuma escassez. Mas, é claro, pedimos a todos que comecem a economizar energia
Cada quilowatt-hora que poupamos é bom para o país”, entatiza a subdiretora da Vattenfall.