Nos últimos anos o país tem sido incendiado pela polarização, começando pela corrosão ética que desaguou no antipetismo e agora pela erosão moral que tem fomentado este novo fenômeno que é o antibolsonarismo. Duas narrativas vazias que se retroalimentam e precisam de um antagonista para vencer. Mais do que qualquer outra, simplesmente simbolizam a negação do adversário, apenas isso, sem projetos concretos para o Brasil.
Nosso país tornou-se refém desta falsa polarização e parece não saber sair dela. Aqueles que optam por Lula, justificam sua preferência para evitar a vitória de Bolsonaro. Muitos que dizem optar pelo capitão, fazem para evitar a volta do petismo. A pergunta é quais são os projetos de Lula e Bolsonaro além de evitar a vitória de seu oponente. Curioso, mas talvez nem um, tampouco o outro, saberia responder.
Depois dos escândalos do Mensalão, Petrolão, das investigações da Lava Jato, que expuseram as práticas espúrias do petismo, e ao fim de outro governo que desmontou os mecanismos de combate à corrupção e acobertou a prática de rachadinha nas cercanias presidenciais mais íntimas, chegou o momento dos brasileiros se perguntarem porque estamos sendo levados a escolher entre dois projetos escancaradamente sujos.
Este ciclo eleitoral pode finalmente levar este modelo imundo que se apoderou do Brasil ao primeiro capítulo de seu fim. O país possui mais de duas opções e precisa entender que a polarização simplesmente perpetua as práticas ilícitas que tanto desejamos ver banidas do Brasil. Ao eleger Lula, estaremos chancelando os roubos do Petrolão e Mensalão e ao reeleger Bolsonaro, estaremos certificando a legalidade das rachadinhas, os esquemas do centrão e risco iminente à democracia. O Brasil pode mais do que isso.
Para reerguer nossa economia, que foi dilacerada pelos últimos anos petistas no Planalto e sacrificada pelo populismo bolsonarista, precisamos ir além das teses falidas destes dois grupos. Ao invés de olhar para trás, o Brasil precisa olhar para frente, ciente que precisa modernizar suas leis, estruturas governamentais e órgãos de controle. O país somente tem a perder se tornando refém de dois projetos que abalam os pilares de nossa economia, contas públicas, estabilidade e emprego. Precisamos ir além.
Esta pandemia mostrou que não podemos ser governados por bravateiros sem projeto que simplesmente surfaram a onda de renovação que chegou ao país. Bolsonaro errou em todas as frentes, refém de ideias arcaicas, moral torta e visão míope. O número de mortos fala por si, além de uma economia em frangalhos que ceifou empregos e busca reeleger o Presidente por meio de um programa populista de transferência de renda.
Ao mesmo tempo, Lula representa o retorno a um modelo que deixou chagas profundas na sociedade, eleito e reeleito por intermédio de práticas ilícitas desvendadas por várias investigações que revelaram aquele que é considerado o maior esquema de corrupção das democracias modernas. O Brasil não pode voltar a conviver com estes fantasmas.
Logo, 2022 pode ser o ano da resposta dos brasileiros, rejeitando modelos falidos e ultrapassados de grupos políticos que se retroalimentam no ódio para saciar seu desejo de poder e cargos. Quebrar este ciclo é a única forma de nos reerguermos como nação.
Márcio Coimbra é Presidente da Fundação da Liberdade Econômica. Cientista Político, mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007). Ex-Diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal.
Sobre a FLE
A Fundação da Liberdade Econômica (FLE) é um centro de pensamento, produção de conhecimento e formação de lideranças políticas. É baseada nos pilares da defesa do liberalismo econômico e do conservadorismo como forma de gestão. Criada em 2018, a entidade defende fomentar o crescimento econômico, dando oportunidades a todos. Nesse sentido, investe em programas para a formação acadêmica, como centro de pensamento e desenvolvimento de ideias. Ao mesmo tempo, atua como instituição de treinamento para capacitar brasileiros ao debate e à disputa política.