O velejador e escritor Aleixo Belov, 80 anos, transformou a expedição que realizou à Passagem Noroeste, um dos trechos mais difíceis da navegação mundial, em um livro que será lançado no dia 1º de junho, a partir das 18h, no salão de festa do Yacht Clube da Bahia, na Ladeira da Barra, em Salvador. A viagem – a primeira a ser completada por uma embarcação com a bandeira brasileira, como reconhecido pela Marinha do Brasil – teve início em 5 de fevereiro de 2022 e foi concluída no dia 12 de novembro do mesmo ano, após o comandante e a equipe percorrem mais de 20.000 milhas náuticas, passando pelos oceanos Atlântico, Pacífico e Ártico, com seus trechos congelados.
Toda essa jornada – com desafios, descobertas e encontros fascinantes – está presente na obra “Passagem Noroeste 2022”, que será apresentada ao público durante a noite de autógrafos. Na ocasião, os admiradores do velejador ainda poderão conferir a exposição inédita com imagens da viagem, assinado pelo fotógrafo Leonardo Papini. Ele foi um dos integrantes do veleiro-escola Fraternidade, usado na viagem, junto com o marinheiro Osvaldino Dórea (Lito), a oceanógrafa Larissa Nogueira, a estudante Ellen Brito, o mecânico Hermann Brinker e o engenheiro civil Maurício Pitangueiras.
Além deles, alguns outros aventureiros também participação da jornada em momentos alterados: o navegador argentino Igor Stelli, a terapeuta Ialda Stelli, o médico Fábio Tozzi, o empresário Antônio Barreto, o engenheiro Dilson Assumpção, o velejador Alberico Fabrício Soares e a estudante de oceanografia alemã Luísa Steckhan.
Livro “Passagem Noroeste 2022”
Décimo primeiro livro escrito por Belov, o “Passagem Noroeste” narra toda a viagem feita pelo comandante, na época com 79 anos, a bordo do Fraternidade. A embarcação foi a mesma usada em outras expedições do velejador, como nas duas das cinco voltas ao mundo que realizou e nas viagens à Antártica e ao Alaska.
Na nova obra, Belov conta, por exemplo, os grandes encontros durante a viagem, a exemplo do que aconteceu com os navegadores Beto Pandiani e Igor Bely, e também os desafios de enfrentar o mar congelado do Estreito de Bering. Por conta dessa última situação, a embarcação capitaneada pelo velejador precisou ficar à deriva. Na época, Belov narrou: “Procuramos um gelo grande, saltamos nele com uma alavanca, cavamos um buraco, instalamos uma garateia com um cabo e ficamos derivando”.
‘No prefácio do livro, o escritor Joaci Góes, membro da Academia de Letras da Bahia e presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), destaca que a obra “Passagem Noroeste” conta uma “parte importante desta singular e grande vida” de Belov. “Dotado de marcante curiosidade, a vida de Aleixo passou a ser orientada pela necessária interação entre a teoria e a prática de seu insaciável aprendizado, matriz da grande autonomia existencial que viria a ser a expressão maior de suas grandes realizações, sendo as mais marcantes a do notável navegador, a do grande empresário, a do solidário chefe de grande família e a do escritor de uma obra fascinante que já soma uma dezena de títulos que mesclam realidade e pensamentos, tendo o planejamento para navegar com segurança, o propósito central”, afirma.
Ele ainda salienta: “Não consigo identificar dentro ou fora do Brasil quem tenha construído uma biografia tão surpreendentemente variada, autônoma e rica quanto a de Aleixo Belov”.
Todo esse legado pode ser conferido também no Museu do Mar Aleixo Belov, situado em um casarão de três andares no largo do Santo Antônio Além do Carmo, no Centro Histórico de Salvador. No espaço, o público pode conferir o acervo reunido por Belov de suas viagens pelos continentes e também o veleiro “Três Marias”, usado pelo comandante nas três primeiras voltas ao mundo que realizou em solitário. O museu funciona de terça a domingo, das 10h às 18h, com acesso permitido até as 17h. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Crianças de até 5 anos não pagam. Nas quartas-feiras, a entrada é gratuita.