O Alcorão é o livro sagrado da religião islâmica, escrito há cerca de 1400 anos, originalmente memorizado e recitado oralmente, e cujos fieis acreditam conter as palavras do arcanjo Gabriel, que as teria revelado ao profeta Maomé. O Alcorão de Sangue, por sua vez, é uma versão polêmica da escritura — essa cópia sangrenta está trancada em um cofre secreto, com a intenção de jamais ser visto pelo público novamente.
O Alcorão de Sangue foi escrito completamente com o sangue de um dos presidentes do Iraque, Saddam Hussein, que encomendou o livro em 1997 para comemorar seu aniversário de sessenta anos. O antigo presidente alegou ter doado entre 24-27 litros do seu próprio sangue para ser usado como tinta na escrita dos 6.000 versos e 336.000 palavras do Alcorão.
A origem do Alcorão de Sangue
Saddam Hussein contou em 2000 que a encomenda do livro foi uma forma de agradecer a Deus por ajudá-lo a superar tantas conspirações e perigos. “Minha vida tem sido cheia de perigos, nos quais eu deveria ter perdido muito sangue… Mas como eu sangrei apenas um pouco, pedi a uma pessoa para escrever as palavras de Deus com o meu sangue em agradecimento”, disse ele.
Desde o início, o Alcorão de Sangue originou uma controvérsia tanto política como religiosa. De acordo com a lei Sharia islâmica, sangue humano é considerado como algo sujo em termos ritualísticos. Assim, escrever a palavra sagrada da divindade com sangue impuro é absolutamente proibido.
Contudo, destruir o livro sagrado também é
Depois do livro ser entregue a Saddam numa cerimônia no mês de setembro de 2000, ele foi colocado na mesquita Umm al-Ma’arik (“Mãe de Todas as Batalhas”). As páginas sangrentas foram dispostas numa construção hexagonal de mármore localizada num lago artificial dentro do complexo da mesquita, e somente convidados poderiam vê-las.
O Alcorão de Sangue de Saddam foi denunciado em 2000 pelas autoridades religiosas dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita e, depois da queda de Hussein em 2003, o Alcorão foi removido da exibição pública.
Os responsáveis pela mesquita guardaram o Alcorão de Sangue para mantê-lo seguro antes dos clérigos e políticos decidirem o que fazer com a relíquia polêmica.