Líder da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Sandro Régis (União Brasil) disse, em entrevista ao jornal Tribuna, afirmando que a bancada da minoria vai à Justiça, se precisar, para garantir a instalação da CPI dos Respiradores na Casa.
Confira abaixo:
Tribuna – Qual a sua avaliação sobre esse caso dos respiradores, que resultou em uma operação da Polícia Federal? Agora, a oposição está propondo uma CPI para investigar o caso…
Sandro Régis – Na questão da operação, é uma questão preocupante, que reforça a necessidade dos esclarecimentos e da instalação da CPI. A nossa expectativa com a CPI é que a CPI realmente seja instalada. Não tem nenhum caráter político. (A CPI é) para que a gente possa produzir, investigar e produzir ali respostas que tanto a sociedade baiana aguarda sobre os R$ 50 milhões, que equivalem a trezentos respiradores.
Tribuna – O senhor acredita que a CPI será realmente instalada? Ou o governo vai pressionar para não poder ir a frente?
Sandro Régis – Já existe uma prerrogativa do Senado Federal. O Senado entrou com mandado de segurança no STF para CPI ser instalada. O presidente (da AL-BA, Adolfo Menezes) como guardião da lei, eu acho que ele não vai levar a Assembleia contra a sociedade. Mas, se caso for, nós também entraremos, judicializaremos, com mandado de segurança, para abrir a CPI.
Tribuna – Como o senhor avalia a pré-campanha ao governo da Bahia?
Sandro Régis – Eu vou avaliar o meu pré-candidato que é ACM Neto, que vem com muito entusiasmo a caminhada de Neto. Essa missão vai ser um grande diferencial. A pré-candidatura do Neto está surgindo do povo, da sociedade, com sentimento de mudança muito grande. (Esse sentimento) está contagiando também a classe política. Então, acredito que teremos a grande vitória em outubro. Já no primeiro turno.
Tribuna – Qual a contribuição do PP para a campanha de ACM Neto?
Sandro Régis – O PP tem três fatores importantes quando ele vem abraçar o nosso projeto. Primeiro é sua força política. Segunda sua força partidária. Veio com quatro deputados federais e seis deputados estaduais. E terceiro é a força que eles têm no interior da Bahia, dos municípios. Então, ajudou muito. Mas o que eu quero aqui frisar que a grande força de nossa caminhada é o sentimento de mudança. É o retrato que a população tem do que era Salvador, e o que Salvador se transformou depois de Neto. Então, nós sentimos realmente algo muito especial na caminhada com o Neto por toda a Bahia.
Tribuna – Há um cansaço do PT depois de quase 16 anos de governo?
Sandro Régis – Completamente. Há uma fadiga muito grande do que está aí. O governo do PT não consegue mais levar esperança. Não consegue mais transformar o sonho das pessoas. O governo do PT entregou a Bahia à violência. Hoje, nós estamos entregues aos bandidos. Hoje, a sociedade está refém nas próprias casas, com medo de sair na rua, ser assaltado ou tomar uma bala perdida. Então, você não pode gerar expectativa, não pode pensar em futuro com o estado tomado pela violência.
Tribuna – Além da questão da segurança pública, qual vai ser o principal fator que poderá prejudicar o PT na campanha?
Sandro Régis – Não sei prejudicar o PT, mas vai ter um candidato do PT que deixou a Bahia líder no analfabetismo. O governo PT nunca bateu nenhuma meta do IDEB. Então, prova que não existe prioridade em educação para o PT. Ao contrário de Neto, que quando foi prefeito atingiu as metas do IDEB. E o PT bota um candidato como governador que destruiu a Educação da Bahia. O pior ensino médio, diga-se de passagem.
Tribuna – Como o senhor viu o rompimento do presidente da Câmara de Vereadores, Geraldo Júnior, com o grupo de ACM Neto?
Sandro Régis – Costumo dizer que não comento a vida de adversário. Tenho que me ater e me preocupar com a nossa caminhada, com o partido e nosso grupo político.
Tribuna – Dos nomes cotados, qual o melhor nome para ocupar a vice na chapa de ACM Neto?
Sandro Régis – Rapaz, é uma pergunta que eu não sei me responder. O que eu sei é que todos querem ser vice de Neto. Por quê? Porque as pessoas estão acreditando numa vitória nossa de outubro. As pessoas têm convicção da força política do nosso grupo político. Então, tem muita gente querendo ser. Agora, quem será? Só ACM Neto para dizer.
Tribuna – Vai ser um arranjo bastante difícil, porque como o senhor disse tem muita gente que quer…
Sandro Régis – Tem Marcelo Nilo, Márcio Marinho, Zé Ronaldo… Neto é muito inteligente, muito capacitado, habilidoso, com certeza ele vai conduzir esse processo para que todos saiam satisfeitos. Não tenha dúvida disso.
Tribuna – Em relação ao cenário nacional, qual a sua expectativa? Esse cenário de polarização Lula-Bolsonaro já está se consolidado na sua avaliação?
Sandro Régis – Está consolidado sim. Já está consolidado.
Tribuna – E como é que o senhor viu essa aliança que Lula fez com Geraldo Alckmin, que foi um dos adversários dele no passado?
Sandro Régis – Nós estamos fomos focados aqui na Bahia. Nós não vamos nacionalizar a eleição. O nosso foco é levar para os baianos e para a Bahia o nosso potencial, a nossa capacidade de trabalho e eu quero debater a Bahia. Tem muitos problemas que precisam ser debatidos, que o governador vem deixando a passar de lado.
Tribuna – Quais os problemas da Bahia que estão sendo deixados de lado?
Sandro Régis – O problema agora é o que está acontecendo e nós pedimos a instalação da CPI. Tem alguns problemas mais sério do que? Hoje, está todo o país voltado para isso. Se você abrir qualquer manchete, de qualquer jornal, de qualquer site nacional a Bahia, está estampada. Inclusive de uma forma negativa. Outros problemas nós temos: geração de emprego. A Bahia também infelizmente figura entre os estados com mais desempregos. É outro problema que tem que ser debatido com muita seriedade. Nós não podemos mais não criar expectativa, não ter expectativa para juventude. O baiano perdeu a capacidade de sonhar. Perdeu a esperança. E isso nós temos que resgatar. Nós temos que levar esperança para as pessoas. A Bahia pode muito mais.
Tribuna – E como ficou a CPI da Coelba?
Sandro Régis – O que aconteceu? A CPI aqui na Casa tem que ser respeitada a proporcionalidade. O deputado Tum é governista, mas ele estava no bloco da oposição por causa do partido que ele se elegeu: o PSC. Então, o governo queria contar com o deputado Tum como se fosse indicação da oposição. E nós não vamos aceitar barriga de aluguel.
Tribuna – O cenário nacional vai influenciar na eleição estadual?
Sandro Régis – A população vai saber distinguir. A população vai votar no governador, e não em padrinho de candidato ou âncora de candidato. A população quer um governador que sente na cadeira, assuma suas responsabilidades e bote a Bahia para frente.
Tribuna – O senhor acha que a gestão de Rui Costa teve acerto nos quase oito anos?
Sandro Régis – Claro que teve. O pré-candidato ACM Neto diz o tempo todo. O que tiver sido feito, ele dará continuidade. Mas não vamos pegar um governo com ódio. Nós vamos pegar o governo para mudar a vida das pessoas, e tenha certeza de que o próximo governador ACM Neto entender que é bom para os baianos terá continuidade. Também terá a coragem de mudar tudo aquilo que a Bahia condene e está errado, como a educação e a política de segurança pública do Estado.
Tribuna – Na sua opinião, o União Brasil vai tomar algum posicionamento em relação a eleição nacional? Ou vai se manter neutro?
Sandro Régis – Posso falar pela Bahia. A Bahia não terá nenhuma posição nacional. Nós não vamos nacionalizar a eleição aqui na Bahia.