O governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou, em entrevista à Folha de S. Paulo, que o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), tenta “um milagre” para descolar da imagem do presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Ele tenta um milagre, que é o milagre de se desassociar da figura do presidente da República. Ele fez campanha, pediu voto para Bolsonaro. Tem vídeos e fotos dele abraçado com o presidente. O ex-chefe de gabinete dele (João Roma) é ministro de Bolsonaro. Até o dia de hoje, quem dá sustentação ao governo Bolsonaro são os parlamentares do DEM, que na Bahia possuem a indicação de todos os órgãos federais. Essa imagem é difícil de ele separar”, disse o governador.
Ainda na entrevista, Rui justificou o motivo de não construir um nome novo para sua sucessão na Bahia, já que o senador Jaques Wagner (PT) será novamente o candidato do grupo político. “Não foi opção. Você não constrói nomes novos por decreto. As coisas acontecem e os nomes vão se fixando conforme o cotidiano da política. Acho que temos nomes fortes. Mas não há um nome novo consolidado”, afirmou o chefe do Palácio de Ondina.
O governador ainda avaliou positivamente a possível união do ex-presidente Lula (PT) com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (sem partido). “O presidente eleito terá um desafio gigantesco. São seis anos de instabilidade política, jurídica e institucional que corroeram a credibilidade do Brasil. É preciso passar a ideia de que o país vai estar unido, que vai ter uma grande concertação a favor da reconstrução do Brasil, e não há como passar essa ideia se a preocupação for apenas ganhar a eleição. Eu acho que, desde já, nós temos que nos preocupar em ganhar a eleição, fazer esse país crescer e voltar a ser inclusivo. Isso é uma tarefa muito grande para ser tocada por um só partido. É preciso promover a união dos brasileiros que querem reconstruir nosso país. Por isso eu acho que o (ex)presidente (Lula) está correto em buscar esta aliança. Alckmin foi governador de São Paulo quatro vezes. É uma pessoa absolutamente experiente”, disse ele.
Rui Costa também comentou sobre um possível impacto do Auxílio Brasil – o novo Bolsa Família – nas eleições. “Algum impacto eventualmente pode ter, não vou dizer que o impacto é zero. Mas é péssimo quando você muda completamente as políticas de governo. Durante todo esse governo, não teve um planejamento nem uma visão de longo prazo para a educação, a saúde, a infraestrutura. Simplesmente, há uma ausência de governo, uma ausência de planejamento. Tudo se transformou em medidas meramente eleitoreiras e um imenso desperdício de recursos Brasil afora”, pontuou.