O cajueiro é uma planta nativa do nordeste Brasileiro com considerável capacidade adaptativa a solos de baixa fertilidade, a temperaturas elevadas e ao estresse hídrico. Devido a essas características, o cajueiro se tornou uma importante fonte de renda para os estados do Nordeste, principalmente para aqueles que possuem regiões semiáridas.
Por produzir em pleno período seco, na entressafra das culturas anuais, o cajueiro se torna importante para a geração de empregos tanto no campo quanto nas indústrias, como mostra reportagem do Fala Barreiras.
Do cajueiro aproveita-se praticamente tudo, diz Osmar Ribeiro. O principal produto é a amêndoa da castanha-de-caju (ACC), localizada no interior da castanha, de onde também é extraída a película que reveste a amêndoa, rica em tanino e utilizada na indústria química de tintas e vernizes.Da casca da castanha, extrai-se o líquido da casca de castanha-de-caju (LCC), usado na indústria química e de lubrificantes, curtidores, aditivos, entre outros, sendo o resíduo da casca utilizado como fonte de energia nas indústrias, por meio de sua queima em fornalhas.
Já o pedúnculo do caju (pseudofruto) é processado por indústrias ou minifábricas para a obtenção do suco ou da polpa congelada, a ser utilizada na fabricação de sucos, cajuínas e outras bebidas.
O pedúnculo também pode ser aproveitado para a fabricação de diversos produtos (principalmente doces) e na alimentação animal, além de que o caju inteiro também é comercializado in natura em feiras e supermercados.
Outras partes da planta também são utilizadas, pois os restolhos dos galhos podados, as cascas das árvores e as folhas, por serem fontes de tanino e goma, são aproveitadas na indústria química e na geração de energia (queima).
Do surgimento até a completa maturação do fruto, decorre um período variável de tempo, entre 56 e 60 dias, sendo 52 dias para o cajueiro do tipo anão precoce. O fruto consiste em epicarpo, mesocarpo, endocarpo e amêndoa, que é coberta por uma panícula.
O Nordeste responde por quase toda a produção nacional da castanha de caju (98,8%). Em 2017, a Região produziu 132 mil toneladas. O Ceará é o maior produtor nacional com 60,8% da produção do País, tendo produzido 81 mil toneladas em 2017.
Além disso, a cultura da fruta garante à Bahia, o quarto lugar na produção nacional, perdendo apenas para o maior produtor que é o Ceará, seguido de Piauí e Rio Grande do Norte.
Na Região Oeste, o distrito de Irrigação Barreiras Norte (com 70 hectares de caju) é um dos cinco projetos construídos pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos vales do São Francisco e da Parnaíba) na região de Barreiras, que tem um total de 200 hectares plantados com caju. De acordo com o fruticultor Roberto Vieira da Silva, em entrevista ao Fala Barreiras, a produção no perímetro irrigado Barreiras Norte é de cerca de 500 caixas de caju por dia.
No município da Barra, no distrito Brejos da Barra, existe 1.500 hectares de caju, com castanhas grandes e doce como dizem, ‘favo de mel’.
No entanto, os produtores de caju no oeste da Bahia estão enfrentando um grande desafio para chegar até a comercialização: falta de estrutura para atingir o mercado. Eles estimam que 70% da produção atual está ficando sob os cajueiros, da qual apenas as castanhas são aproveitadas posteriormente, enquanto os pedúnculos (parte carnosa comestível usada para confecção de suco e doces) estão decompondo-se e servindo, no máximo, para adubar a terra.
Mas, enquanto a maioria se queixa da falta de um programa de aproveitamento total da produção por parte da Cooperativa dos Fruticultores do Oeste da Bahia (Cofrutoeste), quatro produtores irrigantes formaram um grupo, e, como fazem questão de frisar, “metemos a cara para ver se minimizamos as perdas”. O esforço, garantem, está dando resultados, com vendas para os mercados de Brasília e Goiânia.